Um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences indica que milhares de toneladas microplástico circulam pela atmosfera terrestre e viajam entre os continentes, ressaltando que o problema, intensificado por emissões em estradas pelo globo, tende a se agravar. Cientistas à frente do levantamento destacam, também, que este é um dos maiores desafios ambientais de nossa época.
De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), tais materiais apresentam dimensões menores que 5 milímetros – e pesquisas anteriores revelam que as "pecinhas" podem ser encontradas nos oceanos e até em nossas fezes. De todo modo, pouco se sabia sobre a presença delas no ar – e modelos computacionais mostraram que lugar algum está protegido contra a ameaça.
Janice Brahney, cientista ambiental da Universidade Estadual de Utah e líder da equipe responsável pelo alerta, explica que o conhecimento a respeito do tema é escasso: "Microplásticos têm a capacidade de perturbar quase todos os ecossistemas, sem mencionar a saúde humana. Estamos apenas começando a entender o escopo da poluição, portanto os impactos estão além de nossa compreensão."
Além disso, salienta, não se descarta a relação deles com mudanças climáticas, uma vez que são produtos de combustíveis fósseis.
Mais do que apenas em oceanos, microplásticos estão no ar.Fonte: Getty ImagesFonte: Reprodução
Prejuízo certo
Por um período de 14 meses, Brahney e seus colegas mediram a precipitação de partículas do ar, como resultado da gravidade e da chuva, em locais no oeste dos Estados Unidos. Então, chegaram à estimativa de que cerca de mil toneladas métricas de microplásticos estão na atmosfera das regiões analisadas, algo que os deixou "terrivelmente chocados", lamenta a pesquisadora.
E mais: as maiores culpadas pelo cenário seriam as movimentações em rodovias, que respondem por 84% desse lixo todo. Oceanos e poeira de solo e agrícola estão logo atrás, 11% e 5%, respectivamente, graças a ventos fortes.
"Quando se considera que o plástico, como a poeira, precisa entrar na atmosfera por meio de alguma força física, isso faz sentido. Estradas e, mais importante, carros circulando fornecem a energia mecânica para mover as partículas", detalha Janice.
Janice Brahney, líder do estudo.Fonte: Reprodução
Agora, com seu grupo, ela deseja descobrir os pontos mais críticos do planeta, pois os elementos podem permanecer no ar, ainda segundo o levantamento, por períodos que vão de uma hora a seis dias e meio, tempo suficiente para se espalharem por lugares intocados pela humanidade.
Dada à nossa incapacidade de lidar com lixos compostos pelo material, basta que o tempo o decomponha e amplie sua existência em miniatura. "Pode ser que mais plásticos acabem em nosso meio ambiente no futuro e, portanto, em nossa atmosfera", pondera Brahney.
Por fim, quanto aos prováveis danos à população mundial, é certo, apenas, que a inalação de qualquer partícula pode trazer consequências negativas, nada mais que isso. "No momento, não sabemos se os plásticos são mais ou menos prejudiciais do que outros aerossóis naturais", finaliza a especialista.
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