Duas bolhas subterrâneas gigantes podem estar causando uma fenda no campo magnético da Terra – ela vem aumentando de tamanho há pelo menos dois séculos e agora está começando a se dividir. Cientistas suspeitam que essa alteração, conhecida como Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS), seja causada por duas as bolhas de material denso descobertas no manto da Terra recentemente. Cada uma delas (chamadas pela NASA de “dent”, ou dentes em tradução literal) é milhões de vezes maior que o Monte Everest.
Pesquisas indicam que estas bolhas, também conhecidas pela sigla LLSVPs (grandes campos de baixa velocidade de cisalhamento), podem ser os restos de Theia, um antigo planeta do tamanho de Marte que acredita-se ter colidido com a Terra por volta de 4,5 bilhões de anos atrás. O problema é que essa fenda, localizada entre a América do Sul e a África do Sul, anda causando estragos em satélites e naves espaciais que passam sobre ela. E piora: ela anda interferindo nos níveis de radiação solar que o planeta recebe e aumenta a quantidade de partículas solares que passam pelo campo magnético, o que pode causar mau funcionamento em computadores e circuitos.
O campo magnético da Terra é gerado pelo ferro em redemoinho no núcleo externo do planeta, local em que o material mais quente sobe para o manto parcialmente sólido e é substituído por material mais denso – um processo denominado convecção. Os cientistas acreditam que a estranha alteração no campo magnético seja causada por algo enorme que está interrompendo esse processo sob o Oceano Atlântico. Como se constatou recentemente, os dois LLSVPs poderiam ser significativos o suficiente para afetar essas correntes de convecção, conforme propôs o geoquímico Qian Yuan, à frente do estudo sobre os restos de Theia.
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Problematizando a teoria
Embora seja muito sedutora a possibilidade de que a causa para a alteração no campo magnético da Terra sejam de fato os restos do planeta que deu origem à lua, há questões ainda não respondidas e, inclusive, conflitantes com a teoria de Yuan. O geofísico Christopher Finlay, da Universidade Técnica da Dinamarca, chama a atenção para o fato de que a mesma fraqueza no campo magnético não ocorre acima do Oceano Pacífico, local em que está localizada parte de uma das bolhas.
Embora por enquanto seja apenas especulação, teorias como essa criam a possibilidade de novos estudos aprofundados que, por sua vez, podem levar a descobertas a respeito do campo magnético que envolve nosso planeta e influi diretamente em nossas vidas.
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