Um investimento de cerca de US$ 800 milhões está em risco. A sonda InSight, em Marte desde 2018 e responsável pela detecção de mais de 500 terremotos extraterrestres, além de mais de 10 mil redemoinhos do Planeta Vermelho, tem apresentado problemas nos últimos meses e, agora, será colocada em hibernação emergencial pelas equipes da Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA). Se a bateria não se recuperar adequadamente, a missão chegará a um fim precoce.
Especialistas explicam que a ausência de ventos na região em que o equipamento se encontra, a Elysium Planitia, ocasionou um acúmulo de poeira marciana não esperado nos painéis solares, impedindo-os de absorver a energia necessária. Em fevereiro, por exemplo, as placas produziram apenas 27% de sua capacidade total.
Devido à situação, uma maneira de contornar os obstáculos foi, aos poucos, desligar diferentes instrumentos do módulo. Em breve, tudo o que não for essencial à sobrevivência da exploradora deixará de funcionar, uma vez que ela terá de se manter aquecida o suficiente para não congelar a temperaturas que chegam a 130 °C negativos no inverno.
Poeira acumulada em painéis solares coloca InSight em risco.Fonte: Reprodução
Chuck Scott, gerente de projeto da InSight, em um comunicado, defende que a máquina está em boas condições e até usando seu braço robótico; entretanto, se as baterias se esgotarem, pode não se recuperar. "A quantidade de energia disponível nos próximos meses será realmente impulsionada pelo clima", detalha o pesquisador.
A expectativa é de que, com a volta do verão, em julho, haja o retorno de todas as suas funções e de que o cronograma, estendido recentemente até 2022, seja mantido.
Cenário imprevisível
Análises variadas se tornaram escassas desde janeiro, mês em que a NASA decidiu abandonar a "toupeira", uma escavadora que mensuraria a temperatura das profundezas da crosta marciana. Agora, menos informações chegarão à entidade – mesmo que o "modo zumbi" mantenha as esperanças das equipes.
"O problema com esse cenário é que, enquanto isso, a espaçonave ficará muito, muito fria, e isso ocorrerá durante a parte mais fria do ano", conta Bruce Banerdt, diretor de investigações da missão. "Muitos dos componentes eletrônicos são bastante delicados. Infelizmente, é bem provável que algo seja danificado pela baixa temperatura", complementa.
Pefuração foi abandonada em janeiro pelo gasto de energia.Fonte: Reprodução
Tempestades de poeira, por sua vez, podem complicar ainda mais a situação, mas não é temporada de eventos do tipo. Aliás, há suspeitas de que esses fatores determinaram o encerramento das funções dos rovers Spirit e Opportunity. "Neste momento, nossas projeções são de que devemos ser capazes de passar pelo ponto de menor potência e superá-lo", destaca Banerdt.
"Achamos que estamos muito bem, mas Marte é imprevisível. Nunca sabemos exatamente o que vai acontecer", finaliza.
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