Cientistas revelaram que o glaciar Thwaites, uma das maiores plataformas do mundo localizada na região Antártica, apresentou instabilidades com taxas de derretimento e fluxo de gelo mais rápido do que o esperado, fato que preocupou especialistas. A constatação ocorreu após o local, também conhecido como “geleira do Juízo Final”, ganhar sua primeira exploração de correntes oceânicas pelo submarino Ran, o qual trouxe dados sobre a força, temperatura, salinidade e oxigênio do fluxo das águas marinhas.
Nesse contexto, ao analisar as águas sob a geleira, os pesquisadores descobriram fissuras e depressões na base do gelo polar. Tal observação alertou sobre o perigo da plataforma — de mais de 192 mil quilômetros quadrados — entrar em colapso, o que resultaria em um aumento significativo dos níveis globais do mar, com impactos em diversas cidades costeiras ao redor do mundo.
“Essa é a última estrutura de segurança da Thwaites e, uma vez que se desprenda do leito do mar, não haverá mais nada para a plataforma de gelo se agarrar. A água quente também está provavelmente se misturando dentro e ao redor da linha de aterramento — ponto de contato da plataforma de gelo com rochas para fixação —, e isso pode significar que a geleira também está sendo atacada em sua base” disse Alastair Graham, membro da expedição do novo estudo, em entrevista ao site Gizmodo.
Antes da atuação do veículo subaquático, a falta de informações na área era devido ao difícil acesso para o local, afastado inclusive de estações de pesquisa. “Essa foi a primeira aventura de Ran nas regiões polares e sua exploração das águas foi muito mais bem-sucedida do que esperávamos. Pretendemos desenvolver mais a descoberta através de novas missões no próximo ano”, apontou a oceanógrafa Karen Heywood, em comunicado da Universidade de Gotemburgo (Suécia).
Submarino RanFonte: SciTechDaily/Reprodução
Através das leituras do submarino, a equipe responsável pelo trabalho mapeou os canais de transporte de calor em direção à geleira Thwaites. Eles mostraram grandes interações entre diferentes massas de água, importantes para explicar o processo de derretimento na base do gelo.
“Os canais de água quente para acessar e atacar Thwaites não eram conhecidos por nós antes da pesquisa. Com o uso de sonares no navio, e pelo mapeamento oceânico de alta resolução, pudemos descobrir que existem caminhos distintos que a água leva para dentro e para fora da cavidade da plataforma de gelo, influenciados pela geometria do fundo do oceano”, adicionou Graham.
“O trabalho destaca a forma como a água quente e suas propriedades afetam o glaciar Thwaites e é influenciado pela base do fundo do mar”, comentou Rob Larter, do instituto de estudos polares British Antarctic Survey.
“A boa notícia é que agora estamos, pela primeira vez, coletando dados necessários para modelar a dinâmica dessa geleira. Esses dados nos ajudarão a calcular melhor o derretimento do gelo no futuro. Com a ajuda de novas tecnologias, poderemos aprimorar os modelos e reduzir incertezas em torno das variações do nível do mar global”, completou Anna Wåhlin, líder do estudo.
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