Cientistas planetários destacaram a necessidade de missões para a exploração de Urano e Netuno, planetas mais distantes no Sistema Solar. De acordo com um novo artigo liderado por Deniz Soyuer, pesquisador da Universidade de Zurique (Suíça), o desenvolvimento de uma possível nova sonda poderia ajudar a revelar mistérios do Universo, em especial no estudo de ondas gravitacionais — ondulações no espaço-tempo, produzidas por explosões e colisões de corpos massivos, como estrelas de nêutrons e buracos negros.
Durante o período de atividades, o monitoramento de variações nos sinais de rádio a bordo de um potencial veículo espacial poderia identificar a origem de uma variedade de eventos ainda desconhecidos, de uma forma totalmente diferente da capacidade de observação atual. Segundo análises da pesquisa, sondas com essa finalidade poderão detectar algumas dezenas de fusões de buracos negros com diferenças de massa extremas, e pelo menos a fusão de um supermassivo.
Conhecidos como “gigantes de gelo” por conta de suas composições dominadas por gelos de água e amônia, Urano e Netuno não recebem uma grande atenção por parte da comunidade científica desde o projeto Voyager, lançado em 1977. A missão nessa região foi interrompida no final dos anos 1980, logo, estudos na Terra sobre características dos planetas são levantadas apenas por telescópios terrestres e vislumbres ocasionais do Telescópio Espacial Hubble, da NASA.
A falta de incentivos e dificuldade para pesquisas é devido ao fato de ambos os locais estarem muito distantes da Terra: o ponto mais próximo encontra-se a 4,3 bilhões de quilômetros de distância. Contudo, Soyuer destacou que em breve haverá uma oportunidade para reduzir o tempo de viagem de um orbiter.
Ilustração de ondas gravitacionaisFonte: Space.com/Reprodução
Ele indica que, com a aproximação de um alinhamento de Júpiter, ocorrerá uma assistência gravitacional que deve aumentar a velocidade de movimento de um veículo no espaço. Assim, propôs a ideia de criar uma nova missão para estudar ondas gravitacionais de baixa frequência a caminho dos planetas menos conhecidos do Sistema Solar.
O pesquisador diz que, nessa condição, se houver o lançamento de um foguete suficientemente poderoso no início de 2030, o possível veículo poderia atingir a órbita do gigante gasoso em pouco menos de dois anos. Em sua construção, ele poderia ser composto por um sistema conjunto, no qual dois componentes posteriormente seriam separados e destinados a Urano, alcançando sua órbita em 2042, e Netuno, poucos anos depois.
Soyuer adiciona que a operação poderia sustentar atividades por mais uma década, e resultaria nos maiores observatórios espaciais de ondas gravitacionais do mundo. Durante o percurso, cientistas e técnicos na Terra se comunicariam constantemente com a espaçonave, para atualização de trajetória e verificação de status, ao mesmo passo em que receberiam os dados das sondas.
Apesar da ideia, o estudioso ressalta que o maior desafio será o de desenvolver tecnologias adequadas para monitorar a frequência das comunicações de rádio em alta precisão. No caso, será necessário aplicar recursos para projetar detectores mais sensíveis de ondas gravitacionais no espaço.
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