Cientistas encontraram um padrão em explosões rápidas de rádio (FRB, sigla em inglês para “fast radio bursts”), pulsos repentinos — de duração inferior a milissegundos — ainda inexplicáveis observados em algumas galáxias. Nesse espectro, uma equipe de astrônomos estudou o evento em períodos de 3 a 4 microssegundos, revelando a presença de uma estrutura de brilho estável. A técnica adotada pode ajudar a desvendar pistas sobre a origem e física das emissões. O estudo foi publicado no periódico científico Nature Astronomy.
O trabalho foi liderado por Kenzie Nimmo, do Instituto Anton Pannekoek de Astronomia da Universidade de Amsterdã. Ao analisar a FRB 180916 com dados de alta resolução da rede de radiotelescópios European Very Long Baseline Interferometry Network, ela capturou uma rajada repetida operando em ciclos de 16 dias, nos quais ocorrem explosões a cada 4 dias, seguidos de uma inatividade por 12 dias.
Ilustração da detecção de uma FRBFonte: Nature Portfolio Astronomy Community/Reprodução
“A microestrutura à qual nos referimos na pesquisa é referente ao brilho e propriedades da explosão que varia em escalas de tempo de microssegundos. Essas variações restringem fortemente o tamanho da região de emissão de uma FRB, que dita quais modelos podem funcionar para sua produção”, disse Nimmo à Vice.
A observação permitiu determinar que a área criadora das ondas apresenta uma escala de 1 quilômetro de extensão, com a fonte da explosão a cerca de 457 milhões de anos-luz da Terra. Dessa forma, a alta precisão dos resultados do estudo também revela detalhes do ângulo de posição de polarização (PPA), propriedade que pode detectar objetos responsáveis pelo fenômeno.
Para os pesquisadores, as estrelas de nêutrons — um tipo de estrela morta extremamente densa e magnetizada — devem ser o modelo mais atraente para originar FRBs, em razão de suas altas taxas de instabilidade. Porém, com base na periodicidade da repetição do FRB 180916, sugerem a possibilidade de a formação estar relacionada a um sistema binário, no qual as explosões seriam amplificadas pela colisão de uma estrela de nêutrons com uma massiva em determinada órbita.
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