Ao ultrapassar pela primeira vez a triste marca de 3 mil mortes por covid-19 em um único dia, o Brasil chega de forma veloz e descontrolada ao seu pior momento na guerra contra o novo coronavírus: até as 20h de terça-feira (23), o país contabilizou um total de 298.843 brasileiros e brasileiras mortos desde o início da pandemia.
Segundo o consórcio de veículos de imprensa, o País registrou ontem 3.158 óbitos em 24 horas, elevando a média móvel de mortes nos últimos 7 dias para 2.349, em uma sucessão de recordes cuja variação foi de +43% quando comparada à média dos últimos 24 dias. Com isso, a espiral macabra chega ao patamar mais alto pelo 25º dia consecutivo.
Horas depois da divulgação dos dados, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez uma pronunciamento à nação em rede nacional. Segundo o principal mandatário do país, 2021 será o "ano da vacinação". Sua fala foi imediatamente contestada pelos principais telejornais do país que apontaram distorções e inverdades no discurso.
Caos nos estados
Fonte: Folha de S. Paulo/ReproduçãoFonte: Folha de S. Paulo
Ao atingir o número de 12.136.615 infecções pelo coronavírus, a situação nos estados não poderia ser pior. Também na terça-feira (23), quatro unidades da federação tiveram o seu dia mais letal desde o início da pandemia: Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e São Paulo.
São Paulo registrou 1.021 mortes nas últimas 24 horas, acumulando 68.623 óbitos desde a chegada do coronavírus. O Paraná teve 311 mortes registradas até as 20h de ontem, elevando o total de óbitos no estado para 15.166. Em Santa Catarina, foram 182 óbitos e um total de 9.833 mortes. O Espírito Santo, com 72 vidas perdidas, também bateu seu recorde de mortes, totalizando 7.053 óbitos.
No Distrito Federal, um outro fantasma assombra a população: as filas para leitos de UTI. Ontem 415 pessoas aguardavam em desespero a liberação uma vaga naquela estrutura hospitalar, enquanto corpos se acumulavam no chão de hospitais e dentistas eram convocados para atuar na linha de frente do combate à pandemia.
A nação pede socorro
Em meio ao morticínio e ao colapso consumado do sistema de saúde, mais de 80 associações e conselhos médicos, incluindo a Associação Médica Brasileira, assinaram um documento na terça-feira, passando orientações para os governos em todas as esferas, aos profissionais de saúde, poder Judiciário e toda a população.
No documento, os profissionais pedem a adoção de um isolamento social total, a união do poder público e a compra de medicamentos em falta nos hospitais do SUS. A carta ainda orienta que anticoagulantes sejam utilizados apenas em pacientes internados, e ressalta a ineficácia de remédios como hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina entre outros.
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