Países europeus anunciaram na última quinta-feira (18) que retomarão as aplicações da vacina contra a covid-19 produzida pela AstraZeneca, interrompidas após relatos de formação de coágulos sanguíneos em pacientes que receberam doses. De acordo com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA), investigações iniciais apontaram que a substância é "segura e eficaz" – e a Organização Mundial da Saúde (OMS) declara apoio total à continuidade de programas de imunização que a tenham como opção.
Agora, o maior desafio é combater a desconfiança pública em meio ao crescimento do número de casos da doença e fatalidades causadas pelo Sars-CoV-2 no mundo todo. Ainda segundo a EMA, como não se pode descartar, por enquanto, a conexão entre o produto da farmacêutica e os distúrbios incomuns que tomaram conta das manchetes de diversas regiões, as avaliações devem ser mantidas.
Efeitos adversos paralisaram programas de vacinação.Fonte: Reprodução
De todo modo, a entidade adicionará um aviso às informações relacionadas ao medicamento, alertando sobre efeitos colaterais potenciais, que parecem ser extremamente raros, e salienta que os benefícios claramente superam os riscos.
"As evidências de que dispomos não são, no momento, suficientes para concluir com certeza se esses eventos adversos são de fato causados pela vacina ou não", destaca.
Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS, defende: "Pessoas morrem todos os dias. Então, a questão [que precisamos esclarecer] realmente é a ligação com a vacina. É por isso que precisamos examinar todos os dados", se referindo ao falecimento de uma mulher de 60 anos na Áustria, supostamente ligado ao imunizante.
"Especialistas estão analisando os fatos e, até agora, não encontraram uma associação entre esses eventos e a vacina porque as taxas a respeito das ocorrências no grupo vacinado são, de fato, menores do que se esperaria na população em geral ao mesmo tempo", complementa.
Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS.Fonte: Reprodução
Confiança mundial
Peter Arlett, chefe de farmacovigilância da EMA, explica que o comitê responsável pelos estudos prevê consultas adicionais com especialistas, estudos de quão comuns são os distúrbios de coagulação e "testes de laboratório para ver se há algo particular sobre esses pacientes que apresentem coágulos de sangue."
Além disso, recomenda a agência, vacinados que apresentarem sintomas como sangramento persistente, dor no peito ou estômago, dores de cabeça intensas ou que pioram ou visão turva devem procurar assistência médica imediata.
Poucas horas após as declarações, ao menos 12 países dos 20 que pausaram suas campanhas decidiram confiar nas instituições, dentre eles Alemanha, Itália, Espanha, Holanda e França – que decretou, também no dia 18, o terceiro lockdown desde o início da pandemia, com duração de um mês e a ser iniciado à meia-noite deste sábado (20). A medida visa à contenção da terceira onda de contaminações e afetará milhares de pessoas.
Entidade não encerrará investigações.Fonte: Reprodução
Contendo impactos
Falando da credibilidade da vacina da AstraZeneca, Michael Bang Petersen, cientista político da Universidade Aarhus, na Dinamarca, um dos primeiros países a suspenderem a substância, lamenta: "Pelo menos a curto prazo, houve alguns efeitos negativos de toda esta série de eventos na aceitação geral."
Em seus estudos, que contemplam análises de atitudes de pessoas em oito países em relação à pandemia, revelou que a queda de confiança na região foi de cerca de 11%.
Por fim, Cornelia Betsch, psicóloga da Universidade de Erfurt, na Alemanha, critica a postura das autoridades quanto ao fornecimento de detalhes após interromperem as aplicações na última segunda-feira (15). "Eles deixaram a bola cair e fugiram”, acusa. Segundo ela, a comunicação nos próximos dias será crucial para o sucesso das ações.
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