Fotografar o céu requer não apenas paciência como também equipamento adequado e um bom lugar para ver as luzes do firmamento (de preferência, de um observatório para chamar de seu). O astrofotógrafo finlandês Jukka-Pejja Metsavainio dispôs dos três para, ao longo de 12 anos, captar uma dos mais belas e completas imagens da Via Láctea.
A fotografia é, na verdade, um gigantesco mosaico formado por 234 imagens de diferentes áreas da galáxia, totalizando um grande painel de 1,7 gigapixel que mostra cerca de 20 milhões de estrelas em 125 graus do céu noturno, entre as constelações de Touro e do Cisne. (Clique nas imagens para vê-las em alta resolução.)
O pedaço do céu captado pelo fotógrafo finlandês.Fonte: JP Metsavainio/Reprodução
“Acho que esta é a primeira imagem que mostra a Via Láctea nesta resolução e profundidade em todos os canais de cores”, disse Metsavainio ao site PetaPixel.
Depois de juntar as imagens, o fotógrafo precisou ainda preencher os espaços que faltavam, usando as estrelas compartilhadas por cada foto e sobrepondo-as para que se alinhassem perfeitamente – todo o processo foi feito no editor de imagens Photoshop.
O painel foi montado juntando-se e sobrepondo inúmeras imagens captadas separadamente.Fonte: JP Metsavainio/Reprodução
Perfeitamente identificáveis
“Meu fluxo de trabalho de processamento é constante, então poucos ajustes foram necessários entre os painéis do mosaico. Fotografei os dados que faltam ao longo dos anos e, ano passado, publiquei o que já estava pronto”, escreveu ele em seu blog, Astro Anarchy.
Os principais corpos celestes que estão no painel estelar de Metsavainio.Fonte: JP Metsavainio/Reprodução
Segundo ele, algumas regiões do espaço demandaram mais tempo de exposição do que outros. “Existem alguns objetos extremamente escuros perfeitamente identificáveis na composição, como um remanescente de supernova W63, que aparece como um anel azul claro. Passei cerca de cem horas apenas nesta imagem.”
“Outro grande e tênue remanescente de uma supernova na constelação do Cisne pode ser visto próximo à borda direita da imagem: a G65.5 + 5.7 é tão grande quanto a nebulosa do Véu, e foram necessárias 60 horas de exposição para captá-la.” Esta e outras imagens, por conta do gigantesco tamanho da composição, acabaram ficando de fora da montagem final, que você confere abaixo.
A Via Láctea, entre as constelações de Touro e do Cisne.Fonte: JP Metsavainio/Reprodução
Experimentos em outras dimensões
Para quem curte equipamento fotográfico, aqui vai o que Metsavainio usou: “Até 2014, tinha um antigo telescópio Meade LX200 GPS 12“, com uma câmera QHY9 acoplada, lentes Canon EF 200mm f / 1.8 e um conjunto de filtros de banda estreita Baader. Depois de 2014, passei para um telescópio Celestron EDGE 11, câmera astro Apogee Alta U16 com lente Tokina AT-X 200 mm f / 2.8 e o conjunto de filtros de banda estreita quadrada de 50mm Astrodon", disse ele.
O equipamento que Metsavainio chama de "monstro Frankenstein", por conta das inúmeras adaptações que ele teve que fazer para que o conjunto funcionasse.Fonte: JP Metsavainio/Reprodução
Metsavainio é, pelo que se pode ver por suas redes sociais, um apaixonado pelo cosmos. Seu equipamento está montado em um observatório minúsculo, no centro da cidade finlandesa de Oulu, a 170 quilômetros ao sul do Ártico. Em duas décadas de trabalho, ele criou suas próprias técnicas para capturar imagens do céu.
O observatório onde o fotógrafo trabalha mede apenas 2,25 m x 2,27m.Fonte: JP Metsavainio/Reprodução
O trabalho de Metsavainio pode ser visto também no YouTube, onde ele compartilha imagens tridimensionais de objetos como da Nebulosa Crescente (NGC 6888), na constelação do Cisne, a cinco mil anos-luz da Terra.
Da Nebulosa do Véu ele chamou de 4D por retroceder no tempo e mostrar a explosão da supernova.
“Gosto de poder revelar algumas das belezas ocultas do nosso Universo”, diz o fotógrafo.
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