De acordo com um novo estudo publicado na revista Nature Geoscience, o fim da vida na Terra é algo inevitável e deve acontecer em cerca de 1 bilhão de anos devido à falta de oxigênio na superfície do planeta. A maior culpada pelo fenômeno será a estrela em torno da qual orbitamos, que, conforme envelhece, altera fundamentalmente reações químicas que ocorrem por aqui, aponta a pesquisa.
Ainda segundo o artigo, a idade avançada do astro o tornará mais luminoso, característica que ampliará sua emissão de energia e acelerará o desgaste de rochas de silicato, como basalto e granito. Por sua vez, o processo natural de decomposição desses materiais, chamado intemperismo, responderá pela retirada massiva de dióxido de carbono na atmosfera.
O CO2, junto à água, é um dos principais ingredientes que possibilitam a realização da fotossíntese por plantas e, por consequência, a produção do oxigênio. Sendo assim, a redução matará diversas espécies, gerando uma reação em cadeia que diminuirá ainda mais a quantidade do elemento. Após crises e mais crises, nada sobreviverá.
Aliás, poderia se pensar que a captura do gás auxiliaria o resfriamento da Terra, algo buscado por pesquisadores e seus métodos de geoengenharia na luta pela contenção de mudanças climáticas. Entretanto, em 2 bilhões de anos, a potência solar sobre o planeta anulará quaisquer benefícios do tipo.
Ausência de oxigênio é inevitável.Fonte: Unsplash
Uma breve história do tempo
Para chegarem a essas conclusões, cientistas do Japão e dos Estados Unidos se valeram de modelos computacionais capazes de simular a interação da crosta, dos oceanos e da atmosfera com o manto terrestre e a evolução dos ciclos de carbono, oxigênio, fósforo e enxofre na superfície do planeta, assim como a do clima. Dois cenários teóricos, então, definiram os rumos de nossa existência, em que a biosfera estaria ativa ou não. Ambos apresentaram resultados parecidos.
Mesmo que a queda da fotossíntese não represente exatamente uma ajuda às espécies que vivem por aqui, ela não passa de um efeito secundário, sugere a equipe por trás da descoberta, pois o equilíbrio entre a entrada de rochas no manto durante a subducção, na qual placas tectônicas deslizam para debaixo de outras, e a emissão de gases é que determina a riqueza de oxigênio – e esse balanço está à mercê, justamente, da energia solar.
Ainda falando de oxigênio, estima-se que seu acúmulo iniciou-se na Terra há apenas 2,5 bilhões de anos e que os níveis modernos tenham cerca de 400 milhões de primaveras. No restante do tempo, permaneceu modesto. Em 1,08 bilhão de anos, destacam os cientistas, voltará a esse estado, encerrando o suporte a organismos aeróbios. Isso pode, inclusive, dar pistas importantes para migrações hipotéticas de seres humanos a outros mundos.
Ponto azul no qual vivemos não suportará vida em algum momento.Fonte: Reprodução
O grande projeto
O tempo de vida habitável total da Terra, ressaltam os pesquisadores, antes que ela perca sua água de superfície, é de cerca de 7,2 bilhões de anos, e uma atmosfera rica em oxigênio ocupa uma janela de 20% a 30% do período.
Ou seja, se instrumentos que procurassem oxigênio e ozônio em planetas estranhos analisassem os dados daqui em outras épocas, poderiam interpretar a Terra como um ambiente não propício à geração da vida. Resumindo, habitabilidade é um momento na evolução de um território espacial – o que ata nossas mãos, presas ao que visualizamos no agora.
Por fim, o futuro de nossa atmosfera é semelhante a seu passado, com baixo teor de oxigênio, riqueza em metano ou dióxido de carbono e a possibilidade de neblinas orgânicas. Logo, mais do que encontrar gases, é preciso repensar aquilo que podem indicar.
Somente entendendo a trajetória do Pálido Ponto Azul é que seremos um pouco mais capazes de voltarmos nosso olhar ao horizonte com um pouco mais de segurança.
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