Uma equipe de engenheiros da China revelou, em um artigo publicado na revista Nature, nesta quarta-feira (3), ter criado um robô capaz de "sobreviver" às condições extremas de pressão encontradas em regiões abissais, antes atingidas somente por submersíveis altamente resistentes.
De acordo com os pesquisadores, o dispositivo pode chegar, inclusive, ao ponto mais profundo do oceano, a Fossa das Marianas, e mudar a forma como monitoramos e limpamos tais territórios.
Munida de bateria de lítio, a novidade tem apenas 22 centímetros de comprimento e se assemelha a uma minúscula raia jamanta, ainda que seu design seja baseado no aspecto do peixe-caracol, que se esconde a quase 8 mil metros abaixo da superfície.
Além disso, a sua composição o torna mais seguro do que seus equivalentes rígidos convencionais em interações com humanos, e a flexibilidade que ele apresenta otimiza a manipulação de objetos e a capacidade de se espremer em espaços apertados ou de viajar por locais irregulares.
Para encontrar uma maneira de proteger os componentes eletrônicos, os autores os separaram, em vez de agrupá-los, e os embutiram em silicone para que fossem incorporados ao corpo, algo mais prático e barato do que outros métodos. A abordagem funcionou, já que testes de laboratório e simulações demonstraram que esse arranjo reduz o estresse nas interfaces.
Em suma, o projeto desenvolvido prevê uma estrutura semelhante à de um peixe com duas nadadeiras laterais oscilantes, presas aos "músculos" – feitos de um material macio que converte energia elétrica em trabalho mecânico. Os movimentos são garantidos por "um mecanismo bem-estabelecido." Por fim, estruturas sólidas conectam as partes.
Esquema de construção do robô.Fonte: Reprodução
Para baixo, todo santo ajuda. Será?
Em uma câmara de água pressurizada e conectado a um poste, que girou em círculo, o robô foi testado pela primeira vez. Depois, nadou livremente em um lago com profundidade de 70 metros a uma velocidade de 3,16 centímetros por segundo e, então, no Mar da China Meridional, a uma profundidade de cerca de 3,2 mil metros.
Por fim, foi lançado à Fossa das Marianas, 10 mil metros abaixo da superfície, contando com um robô subaquático convencional de apoio, demonstrando um bom funcionamento de sensores e aguentando por 45 minutos sua jornada.
O equipamento explorou a Fossa das Marianas.Fonte: Reprodução
Apesar dos resultados promissores, há muito trabalho a ser feito, defendem os especialistas. Isso porque a nova máquina é mais lenta do que as convencionais e pode não resistir a outros fatores, correndo o risco, inclusive, de ser arrastada por correntes subaquáticas.
Suas capacidades locomotoras também necessitam de aprimoramentos, o que não muda o fato de que o robô estabelece as bases para as futuras gerações de exploradores de alto mar resilientes e confiáveis, segundo a equipe.