Após a afirmação do presidente da Tanzânia, John Magufili de que “Deus eliminou a covid-19” em seu país, os 50 milhões de tanzanianos estão expostos ao coronavírus sem nenhum tipo de apoio terapêutico, nem testagens e muito menos vacinação.
As próprias instituições governamentais têm exigido que seus funcionários tomem precauções contra o contágio, enquanto o presidente populista proíbe de forma veemente que sejam registrados casos da doença. Isso faz com que muitas famílias que perderam algum membro escondam o fato ou neguem qualquer vínculo entre as mortes e a covid-19.
Em consequência desse negacionismo institucional, os tanzanianos têm que se submeter a um coquetel de medicamentos produzidos pela própria ministra da saúde do país, Dorothy Gwajima, que se orgulha em reconhecer que a pasta possui “seu próprio procedimento sobre como receber quaisquer medicamentos – alternativos”, ou seja, sem comprovação científica, disse ela à BBC.
A ministra Dorothy Gwajima e seus remédios alternativos (Fonte: BBC/Reprodução)
Postura do presidente
Desde junho de 2020, quando declarou a Tanzânia “livre da covid-19", Magufili vem desencorajando qualquer medida de combate à pandemia por parte do seu governo. Ele não usa e zomba da eficácia das máscaras, questiona o funcionamento dos restes RT-PCR e ainda ironiza as duras medidas adotadas pelos países vizinhos.
Na mesma linha de pensamento, o presidente vem disseminando nas mídias sociais que as vacinas são prejudiciais à saúde. Somente ele, a ministra da saúde e outras três pessoas da alta cúpula do governo tanzaniano estão autorizadas a prestar “esclarecimentos” sobre o coronavírus no país.
O que diz a Igreja Católica?
No final de janeiro, o jornal da igreja católica na Tanzânia estampou em sua primeira página uma manchete gigante, denunciando: “Há corona”.
No editorial, o secretariado católico da Conferência Episcopal da Tanzânia se manifestou com a afirmação “Não somos uma ilha”, e conclamou os fiéis, entre os quais o próprio Magufili, a orar, porém sem deixar de adotar as medidas praticadas no restante do mundo, como evitar aglomerações e usar máscaras.
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