Após prometer voltar ao Acordo de Paris no dia da sua posse, o presidente dos Estados Unidos Joe Biden confirmou oficialmente o retorno do país ao tratado internacional sobre medidas para reduzir a emissão de gases do efeito estufa nesta sexta-feira (19).
Integrante do pacto assinado em novembro de 2016 desde o início, juntamente com quase 200 países, os EUA anunciaram que iriam se retirar do Acordo de Paris em agosto de 2017, por escolha do então presidente Donald Trump, alegando se tratar de um acordo prejudicial à economia norte-americana.
A saída, que só foi confirmada formalmente em novembro de 2020, recebeu inúmeras críticas por parte de ativistas do clima, cientistas e empresários, embora muitas empresas americanas tenham continuado a manter as metas estabelecidas no tratado, independente da escolha de Trump.
Conduzir os EUA de volta ao Acordo de Paris foi uma das promessas de campanha de Biden.Fonte: Casa Branca/Divulgação
Durante a campanha na disputa pela Casa Branca, Biden enfatizou seu compromisso em fazer mudanças nas políticas e práticas ambientais do país. Já no cargo, ele começa a cumprir as promessas, tendo assinado também, recentemente, uma ordem executiva para enfrentar a crise climática.
A importância do retorno americano ao pacto
Considerado um dos maiores poluidores do planeta, juntamente com a China, os EUA voltam ao Acordo de Paris em um momento no qual o mundo tem enfrentado mudanças climáticas sem precedentes, cujas consequências poderão ser notadas em diversas partes do planeta.
No próprio território americano, por exemplo, um total de 22 eventos climáticos extremos resultaram em perdas superiores a US$ 1 bilhão cada, no ano passado, de acordo com relatório divulgado pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA).
Cientistas acreditam ser necessário reduzir as emissões globais pela metade até 2030, para evitar efeitos devastadores.Fonte: Pixabay
Diante de quadros como este, o novo governo celebrou a volta ao pacto. “Seu propósito é simples e abrangente: ajudar a todos nós a evitar o aquecimento planetário catastrófico e construir resiliência em todo o mundo aos impactos das mudanças climáticas que já vemos”, comentou o Secretário de Estado Antony J. Blinken, em comunicado.
Ainda conforme Blinken, “ouvir os cientistas” e “abordar as ameaças reais das mudanças climáticas” estarão no centro das prioridades da administração Biden em relação às políticas interna e externa, em discussões sobre segurança nacional, esforços internacionais de saúde, migração e negociações no exterior.
Planos de Biden
Desenvolver um projeto para zerar as emissões de gases poluentes no país até 2050 é um dos planos audaciosos do novo presidente americano para combater as mudanças climáticas, meta que precisa estar alinhada a uma queda nas emissões mundiais pela metade até 2030, para evitar os piores impactos do aquecimento global.
O enviado presidencial especial para o clima dos EUA John Kerry e a conselheira climática do governo Gina McCarthy são os responsáveis por elaborar regulamentos e incentivos para agilizar a produção de energia limpa e a transição dos combustíveis fósseis. Estas medidas são a base para a próxima meta de redução de emissões de Washington.
O governo pretende fazer grandes investimentos em energia limpa.Fonte: Unsplash
Além disso, o governo já assinou mais de 10 decretos que têm relação com as mudanças do clima e mobilizou as agências federais para auxiliar nestas ações. Porém, a presidência precisará lidar com empresas contrárias ao acordo e com alguns líderes estrangeiros desconfiados do retorno americano.
O primeiro evento envolvendo os países signatários do acordo que contará com a participação de Joe Biden será a Cúpula do Clima dos Líderes, programada para o dia 22 de abril. Ele também deverá estar presente na edição 2021 da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), prevista para novembro em Glasgow (Escócia).
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