Minha base filosófica mediante à necessidade de desvendar o mistério da mente humana foi o gatilho para minhas formações em Psicanálise, Psicologia e Neurociência antes de Tecnologia. Dedico-me aos estudos da mente humana sem deixar de lado as minhas habilidades tecnológicas, desenvolvidas em muitos anos de trabalho como desenvolvedor de hardwares e computação.
Para mim, o ser humano é tão capaz que tem a habilidade de se superar e de usar a tecnologia ao seu favor desde os primórdios. A descoberta do fogo, da roda e o manuseamento de materiais para fazer ferramentas foram avanços tecnológicos tão importantes quanto os que desenvolvemos hoje. Obviamente, temos que posicionar cada um em sua época, mas é inquestionável o tamanho dos avanços e os casos de sucesso para toda a humanidade.
Um desses avanços está no meio científico há menos de 1 ano e prende-se com a criação de redes neurais híbridas.
As funções cerebrais tais como as concebemos apenas são possíveis por ocorrerem circuitos neuronais por meio de ligações microscópicas, mas altamente complexas, chamadas sinapses.
Nesse novo conceito, os cientistas foram capazes de criar uma rede neural híbrida onde neurônios biológicos e artificiais localizados em diferentes partes do mundo podiam se comunicar por meio da internet. Essa comunicação foi tornada possível após ser desenvolvido um núcleo de sinapses artificiais usando nanotecnologia de ponta.
Esse projeto complexo foi desenvolvido em diferentes países europeus, sendo que cada um era responsável por uma parte distinta do projeto.
Até que ponto esse avanço irá mudar as nossas concepções?
O estudo foi dividido em vários componentes. Itália foi o país responsável por cultivar neurônios de roedores, enquanto a Suíça ficou responsável pela criação dos neurônios artificiais. Por sua vez, na Inglaterra estava sendo desenvolvido o processo com o qual seria possível a comunicação entre ambos; então, um laboratório virtual foi constituído por meio de uma configuração elaborada de controle de sinapses nanoeletrônicas desenvolvidas.
Embora seja um processo incipiente e simplificado, é um enorme avanço para a ciência. Nesse projeto, foi possível, pela internet, transmitir informação dos neurônios biológicos para os artificiais e vice-versa.
Esses primeiros passos são a chave para o desenvolvimento da internet neuroeletrônica. Os investigadores antecipam agora que a abordagem irá despertar o interesse de uma série de disciplinas científicas, acelerando o ritmo da inovação e do avanço científico no campo da investigação das interfaces neurais. Em particular, a capacidade de ligar sem problemas de tecnologias díspares em todo o mundo é um passo para a democratização dessas tecnologias, removendo uma barreira significativa à colaboração.
Por outro lado, abre a porta a estudos para redes híbridas mais complexas, sendo que estas podem ser usadas em seres humanos colmatando algumas falhas, ou seja, criando plataformas para a interação entre cérebro e computador, como no caso da permutação de partes disfuncionais do cérebro por chips de IA, gerando redes neurais híbridas complexas. Obviamente, esse seria um panorama ainda um pouco futurista dado o estado dos estudos, mas o que foi conseguido até aqui abriu uma série de possibilidades.
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Fabiano de Abreu Rodrigues, colunista do TecMundo, é doutor e mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Neurociências e Psicologia, com especialização em Propriedades Elétricas dos Neurônios em Harvard. Registro Intel Reseller Tecnology — especialista em tecnologia; IP:10381444, especialista em Neurociência e Inteligência Artificial e de hardware. Membro da Mensa, associação de pessoas mais inteligentes do mundo. Formações nas áreas de Filosofia, Neuropsicologia, Jornalismo, Psicologia e mestre em Psicanálise. Membro da Sociedade Brasileira e Portuguesa de Neurociência e da Federação Europeia de Neurociência — registro PT30079. Diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), principal cientista nacional para estudos de inteligência e alto QI.