Os pesquisadores Tony Prescott e Julie Robillard publicaram um artigo científico sugerindo que robôs e seres humanos podem ser bons amigos. O estudo, que revisou outras pesquisas, foi publicado na Cell Press, um agregador de periódicos científicos.
Em um artigo publicado nesta terça-feira (15), Tony explicou para leigos a conclusão do seu trabalho. De acordo com ele e a colega, parte importante da literatura recente sugere que “robôs podem ser companheiros surpreendentemente bons”.
O acadêmico exemplifica dizendo que inteligências artificiais já estão sendo usadas para criar interações com outras pessoas, ajudar a melhorar habilidades sociais e aumentar a autoestima.
Prescott lembra, porém, que exemplos que temos atualmente ainda estão longe do imaginado pelas ficções. Ele cita que mesmo tecnologias complexas como a robô Sophia, criada pela Hanson, ainda baseiam suas respostas em uma biblioteca programada, e ainda lembra da Siri e da Alexa para comentar que o caminho para uma amizade verdadeira ainda é longo.
Apesar do percurso pela frente, o pesquisador cita que o filme “Frank e o Robô”, de 2012, mostra um cenário que está cada vez mais perto. Na produção, o protagonista recebe ajuda de um robô doméstico para realizar tarefas como limpar, cozinhar e lembrar de tomar o remédio.
Riscos e considerações
Mesmo apontando para um futuro em que humanos e máquinas podem ser amigos, Prescott faz importantes ponderações sobre o assunto. “Nosso artigo também discutiu alguns riscos potenciais. Eles surgem particularmente em ambientes onde a interação com um robô pode substituir a interação com pessoas, ou onde as pessoas não têm a escolha de interagir com uma pessoa ou um robô – em um ambiente de cuidado, por exemplo”, cita.
O acadêmico defende, ainda, que o campo da robótica cita que o abandono de amigos humanos por robôs é outro risco potencial. Contudo, ele ressalta que todas essas são possibilidades, e não inevitabilidades.
Outro ponto bastante comentado por Prescott é a própria idealização da amizade. Ele argumenta que muito do imaginário público sobre “amizade verdadeira” é baseado em uma premissa filosófica de Aristóteles. Nesse sentido, uma amizade ideal é constituída de “vontade mútua, admiração e valores compartilhados”.
O filme Frank e o Robô mostra uma interação real entre um humano e uma inteligência artificial
“Esperar que robôs formem laços aristotélicos conosco é estabelecer um padrão o qual até mesmo as relações humanas falham. Também observamos formas de conexão social que são gratificantes e satisfatórias, mas estão longe da amizade ideal delineada pelo filósofo grego”, lembra o pesquisador.
Por último, o acadêmico diz que a literatura científica sugere que seguiremos um caminho bem parecido com o filme Frank e o Robô. No início da interação os seres humanos zombarão as inteligências artificiais, e as rejeitarão até que, com o passar do tempo, a presença das máquinas será e os bons laços de companheirismo serão criados.
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