A nova cepa do coronavírus identificada em pacientes infectados da cidade de Manaus (Amazonas) deve se tornar a variante dominante no Brasil em breve. Quem afirma é o infectologista da Fiocruz Amazônia Marcus Lacerda, em entrevista ao O Globo nesta sexta-feira (29).
Denominada P.1, ela foi encontrada em 91% das amostras de vírus sequenciadas ao longo de janeiro no estado e é apontada pelos cientistas que monitoram a pandemia na região como a responsável por acabar com a imunidade coletiva que havia na capital, resultando em uma nova explosão de casos de covid-19 neste início de 2021.
Segundo Lacerda, provavelmente a variante P.1 do Sars-CoV-2 já está presente em outras regiões do Brasil — três casos foram identificados em São Paulo na última quarta-feira (29). É “questão de tempo” para que ela prevaleça sobre as outras linhagens conhecidas do vírus, algo como “um mês”, prevê o especialista.
Os primeiros casos de pacientes infectados pela variante foram descobertos no início de janeiro.Fonte: Rawpixel
Identificada recentemente por pesquisadores japoneses ao analisar amostras de viajantes que estiveram no Norte do Brasil, a nova cepa apresenta mutações na região da proteína spike e há indícios de que ela tenha uma maior capacidade de transmissão. Apesar disso, os cuidados para evitar o contágio são os mesmos já conhecidos por todos.
Possibilidade de “megaepidemia”
Em entrevista ao programa Manhattan Connection da TV Cultura, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou que a variante do coronavírus surgida em Manaus pode gerar uma megaepidemia no Brasil em até 60 dias.
Para ele, a falta de ações para evitar a disseminação da P.1, combinada à transferência de pacientes para outros estados sem qualquer tipo de bloqueio de biossegurança, espalhará a cepa por todo o país.
Mesmo concordando com a gravidade da situação, Lacerda faz uma ressalva. Segundo o especialista, quem está espalhando os vírus são os viajantes que não cumprem o isolamento nem tomam medidas de controle.
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