Entre tantos herdados pelo presidente americano Joe Biden, um deles é o que se chama de “um abacaxi”: o gigantesco foguete do Space Launch System (Sistema de Lançamento Espacial, ou SLS), a um custo de U$ 2,5 bilhões ao ano. Não se sabe se o novo governo manterá o projeto da NASA que ainda usa tecnologia dos ônibus espaciais, enquanto empresas como a SpaceX desenvolvem veículos mais leves, modernos e, principalmente, muito mais econômicos.
Apoiado pelo Congresso e um grande gerador de empregos por todo o país, o SLS (um projeto da Boing) estava programado para subir em direção à Lua em 2016. Em 16 de janeiro deste ano, ele não passou nem mesmo no seu primeiro teste: o objetivo era acender os quatro motores principais do foguete por quatro a oito minutos; o estágio central disparou por apenas 67,2 segundos.
Em entrevista ao site Ars Techinca, o administrador da NASA, Jim Bridenstine, disse à época que os planos não estavam correndo como planejado, mas que “o programa SLS está avançando. Estamos perto, estamos tão perto!"
Quaisquer meios
Biden, na verdade, não é o único responsável por descascar esse abacaxi: se ele tem a faca nas mãos, quem segura a fruta hoje é o novo administrador em exercício, Steve Jurczyk, que agora dirige a NASA desde que Bridenstone renunciou em 20 de janeiro, depois de bancar (não por vontade própria) uma aposta aparentemente perdida por quase dois anos.
Quem estava tocando os planos do ex-presidente Trump de mandar americanos à Lua até 2024 era seu vice-presidente, Mike Pence. Ao discursar em 2019 perante os engenheiros à frente do projeto, ele foi claro ao dizer que “devemos acelerar o programa SLS para levar o homem à Lua no prazo. O presidente instruiu a NASA e o administrador Jim Bridenstine a cumprir esse objetivo usando todos os meios necessários.”
Pence recebeu como resposta que o SLS voaria em 2020 e o programa Artemis estaria no ar em 2024. O vice-presidente então deixou sobre a mesa um ultimato: “Se nossos empreiteiros atuais não podem cumprir este objetivo, então encontraremos quem o faça. Se os foguetes comerciais forem a única maneira de levar os astronautas americanos à Lua nos próximos cinco anos, então que assim seja."
Bridenstine foi o responsável por tentar atender às demandas do governo, mas esbarrou em um oponente de peso. Ao atualizar o Congresso sobre o Artemis, disse que a NASA estava pensando em usar não o SLS, mas o foguete Falcon Heavy, de Elon Musk. A reação foi imediata: foi dito a ele para esquecer da ideia de procurar, como Pence dissera, “quem o faça”. Ele nunca mais tocou no assunto.
Bilhões em "melhorias"
Caberá a Biden e Jurczyk (se este for confirmado no cargo de administrador da NASA) resolver o que fazer com o SLS. Os altos custos são inegáveis, gastos em um foguete que usa tecnologia de 50 anos, que ainda não voa e que, se e quando o fizer, o será por uma única vez.
O novo governo tem agora que decidir se cancelará o SLS ou se arcará com os bilhões de dólares que a Boing quer para “aprimorar” o foguete.
Enquanto a decisão não sai, outros atores entram em cena para disputar o espaço com a SpaceX, como a Virgin Galactic, de Richard Branson, e a Blue Origin, do magnata da Amazon Jeff Bezos. Todos, ao contrário da NASA, investindo no futuro da aeronáutica espacial.
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