A descoberta de um sistema composto por pelo menos seis exoplanetas ao redor da estrela TOI-178, localizada a cerca de 200 anos-luz da Terra, anunciada em um artigo publicado nessa segunda-feira (25) na revista Astronomy & Astrophysics, está intrigando os astrônomos.
Considerado “único” devido às suas características peculiares, o sistema planetário descoberto pelos pesquisadores das universidades de Berna e Genebra, na Suíça, possui cinco planetas se movimentando de maneira harmônica em torno da estrela principal, enquanto o sexto integrante do grupo orbita o astro em um ritmo bem diferente.
Inicialmente, eles descobriram apenas três planetas ao redor da estrela que fica na constelação do Escultor, utilizando dados do sistema Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS) da NASA. Desconfiados de que havia algo a mais por ali, os astrônomos ampliaram a busca, agora contando com a ajuda do Characterising Exoplanets Satellite (CHEOPS), da Agência Espacial Europeia (ESA).
TOI-178, ao centro, e os seis planetas que a orbitam são representados nesta ilustração.Fonte: ESA/Reprodução
O olhar mais próximo com a ajuda do equipamento europeu deu resultado, permitindo encontrar pelo menos mais três planetas no sistema, chegando a um total de seis, além de revelar que eles têm de 1,1 a 3 vezes o tamanho da Terra e apresentam algumas diferenças em relação a outros sistemas com harmonia semelhante.
Ressonância orbital
Entre as características descobertas pela equipe que tem o astrônomo da Universidade de Berna Adrien Leleu como líder, a que mais chamou a atenção foi o fato de cinco dos seis planetas seguirem uma "dança rítmica" conforme se movem ao redor da estrela, fenômeno conhecido como ressonância orbital. Apenas o mais próximo de TOI-178 está fora dessa sincronia.
De acordo com os cientistas, o movimento ressonante do sistema é parecido com a dança rítmica apresentada nas órbitas de três luas de Júpiter (Io, Europa e Ganimedes). Porém, segue um padrão 18:9:6:4:3, muito mais complexo. Enquanto o primeiro planeta no padrão (segundo a partir da estrela) completa 18 órbitas, o segundo (terceiro da estrela) completa nove e assim por diante. O vídeo abaixo exemplifica o processo:
Além dos arranjos orbitais, a equipe investigou se o tamanho e a massa dos planetas também seguem um padrão ordenado. Combinando as informações do CHEOPS com dados de telescópios do Observatório Paranal do Observatório Europeu do Sul (ESO), eles verificaram que as densidades não apresentam a mesma organização.
Um dos planetas, tão denso quanto a Terra, está ao lado de outro de tamanho parecido, mas com a metade da densidade de Netuno, e ao lado deste há um com a mesma densidade de Netuno. Segundo Leleu, é a primeira vez que esse tipo de configuração foi observada em um sistema planetário — normalmente, a densidade diminui gradualmente à medida em que os gigantes celestes se afastam da estrela.
Há mais planetas por lá?
Dando continuidade ao estudo, os astrônomos pretendem fazer novas observações de TOI-178 futuramente, com a finalidade de desvendar os mistérios por trás da arquitetura complexa do sistema, que também podem ajudar a revelar novidades sobre a formação do Sistema Solar.
Outro objetivo dos cientistas é verificar se há mais planetas neste mesmo sistema, mas dentro da zona habitável que começa além das órbitas daqueles descobertos até o momento, onde existiria a possibilidade da presença de água líquida na superfície.
Equipamentos que estarão prontos para uso em breve, como o Telescópio Espacial James Webb e o Extremely Large Telescope (ELT), podem ser fundamentais nessa tarefa.
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