A Amazon ainda não lançou um único satélite dos 3.236 autorizados pela Federal Communications Commission (FCC) dos EUA, mas a sua constelação Kuiper já está entrando em rota de colisão com os seus futuros “vizinhos” de constelação: a rede Starlink da SpaceX, do milionário Elon Musk.
Na semana passada, durante uma teleconferência com membros da FCC, representantes da SpaceX rebateram de forma enérgica alegações da subsidiária da Amazon de que algumas mudanças nos satélites da Starlink poderiam resultar em interferência nos dispositivos orbitais da Kuiper, assim que estes estiverem operacionais e em órbita. FCC
As alegações da Amazon
A reclamação, pendente no órgão regulador norte-americano, envolve alegações detalhadas da Amazon relatando como uma nova altitude e mudanças orbitais propostas pela Starlink, e pendentes na FCC, poderiam impactar diretamente sua constelação Kuiper de satélites de internet.
De acordo com o relatório enviado à FCC pela Amazon, as mudanças propostas pela Starlink tornarão a comunicação com os seus satélites, através de estações terrestres, extremamente difícil, pois a alteração proposta pela Starlink aumentaria o número de satélites visíveis no céu.
Mas os questionamentos da Amazon não se limitaram à questão de interferência nas comunicações com seus próprios satélites. Quando apresentaram suas considerações à FCC, os representantes da Amazon alegaram que também os dispositivos da SpaceX sofreriam interferência dos uplinks e downlinks da Kuiper, aumentando o número de Starlinks visíveis nas suas três “conchas orbitais”.
O que disse a SpaceX
Fonte: FCC/ReproduçãoFonte: FCC
Na sua apresentação de argumentos, a SpaceX rebateu ponto a ponto cada afirmação da Amazon e de outras operadoras. A Starlink afirma que a conjugação dos três principais parâmetros propostos (altitudes mais baixas, potência de downlink e níveis mínimos de elevação) atuarão de maneira sinérgica para que os níveis de interferência hoje existentes permaneçam inalterados.
Quanto à acusação de uma possível “invasão” de suas conchas orbitais de 590 km por Starlinks, a SpaceX garante que, quando o ângulo de elevação da estação terrestre e a altitude do satélite são reduzidos ao mesmo tempo, o número de satélites visíveis em uma concha orbital também diminui.
Tendo em vista que o número de satélites é o que determina o número de eventos de interferência, pondera a SpaceX, é lógico que a redução de satélites determinará a redução da interferência. Finalmente, a empresa aeroespacial abordou a questão de que a visibilidade de satélites aumentaria a interferência em 250%, como afirmou a Amazon.
Uma redução nas interferências
Fonte: FCC/ReproduçãoFonte: FCC
A SpaceX disse que esse detalhe “escolhido a dedo” pela Amazon é descabido e contraditório, pois a própria reclamante afirmou, em uma petição anterior, que seus métodos analíticos revelavam que a alegação da SpaceX de que a interferência é causada por satélites visíveis (e não pelos satélites ativos) estaria incorreta.
Nesse ponto, a empresa de Elon Musk concorda plenamente, e reitera que apenas o número de satélites visíveis não é capaz de determinar qualquer tipo de interferência, se os seus feixes não estiverem ativados para desviar seus próprios sinais de um sistema concorrente.
Finalizando sua apresentação, os representantes da SpaceX revelaram que, segundo seus cálculos, após a implantação das modificações propostas pela companhia, a interferência nas estações terrestres Kuiper e demais usuárias experimentará uma redução entre 47% e 47,5%, respectivamente.
Embora a pendência continue, a FCC atendeu parcialmente à terceira solicitação da SpaceX e autorizou a Starlink a lançar dez dos 348 satélites planejados para operar em uma altitude de 560 quilômetros.
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