Com o aumento na quantidade de objetos em órbitas na Terra, o pesquisador Moriba Jah, da Universidade do Texas em Austin, criou uma ferramenta digital para monitorar o tráfego dos hardwares espaciais. Chamada de AstriaGraph, a plataforma possibilita a pesquisa de registros através de filtros por região do planeta, apresentando as posições e características de seus corpos artificiais — listados como: satélites ativos e inativos, foguetes, detritos e desconhecidos.
Devido ao constante aumento de missões, seu objetivo é alertar países e companhias privadas sobre um provável cenário de colisões dos objetos — atualmente, existem cerca de 3 mil satélites ativos e 26 mil fragmentos. Isso pode ocasionar destroços prejudiciais a sistemas terrestres, à população humana e novas operações. Em entrevista ao The Verge, o estudioso inclusive sugere uma reflexão sustentável da indústria espacial como um todo:
A questão do lixo espacial frequentemente se associa a discussões sobre a “síndrome de Kessler”, a qual aponta que em algum momento haverá tantos objetos em órbita a ponto de desencadearem colisões descontroladas. No caso, eles estariam mais presentes na região orbital baixa da Terra e nas órbitas polares usadas para comunicações, sensoriamento remoto e meteorologia.
No entanto, ele não acredita nesse futuro, ao defender que “se isso sair de controle, poderíamos fazer uma pausa em novos lançamentos e, eventualmente, as colisões diminuiriam e levariam a um estado de equilíbrio”.
Contudo, Jah ressalta que há um limite na capacidade do espaço em comportar determinado número de objetos. “O maior perigo é que, assim como com qualquer ecossistema, há uma capacidade finita que não devemos exceder ao ponto de não ser possível seu uso continuado”, destacou.
Plataforma AstriaGraph revela posições de objetos espaciais na órbita da TerraFonte: AstriaGraph/Reprodução
Por enquanto, não existem leis globais em vigor para determinar um número específico desses projetos espaciais. Porém, alguns países já dispõem de medidas e propostas para a remoção de objetos inativos e destroços na órbita terrestre, através de ferramentas, como: arpões, ímãs, redes e outros equipamentos.
“Seria interessante a criação de uma instituição para dizer qual o limite nesse sentido, bem como quais ações uma organização deve apresentar antes do lançamento para a remoção e responsabilização dos detritos e devolver a capacidade para o ambiente”, sugeriu.
As Nações Unidas orientam que cada objeto seja removido de órbita 25 anos após o final de suas atividades, contudo, não determina qual a punição caso o prazo não seja obedecido. Dessa forma, o cientista defende o estabelecimento de regras mais rígidas para os desenvolvedores de missões cumprirem com a coleta dos materiais após atuação.
Vale apontar que algumas organizações já anunciaram o desenvolvimento de naves para “limpeza” da órbita terrestre. Dentre as escolhidas, estão a empresa japonesa Astroscale, a SpaceX e a missão ClearSpace-1 da Agência Espacial Européia (ESA), para coletar o acúmulo perigoso de detritos no espaço.
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