No domingo passado (10), autoridades de saúde do Japão colocaram, no banco de dados internacional, detalhes do sequenciamento de uma nova variante do coronavírus encontrada em quatro viajantes que retornaram àquele país após uma viagem ao Brasil. Agora, a Fiocruz Amazônia está conduzindo uma pesquisa que poderá revelar uma nova linhagem brasileira.
Embora os especialistas admitam que qualquer conclusão sobre o achado é prematura, uma vez que a pesquisa ainda não foi finalizada, já foram observadas pelo menos duas mudanças significativas na proteína spike do vírus, aquele “espinho” que faz a ligação do patógeno com a célula. Trata-se da mesma linhagem mais vista no Brasil, a B.1.1.28, porém com alterações.
O pesquisador da Fiocruz Amazônia que está conduzindo os estudos, Felipe Naveca, disse que os pesquisadores estão comparando os dados publicados pelos japoneses com as amostras existentes no banco de dados do Amazonas, coletadas entre abril e novembro do ano passado.
A explosão de novos casos de covid-19 no Amazonas
Fonte: Sandro Pereira/Estadão/ReproduçãoFonte: Sandro Pereira/Estadão
As amostras de dezembro ainda se encontram em fase final de análise no estado e poderão auxiliar na compreensão de uma relação entre a possível mutação do vírus e a explosão de novos casos da segunda onda de contaminações que já levou o sistema de saúde da capital Manaus ao colapso.
Sem descartar a possibilidade de que as mutações verificadas no vírus possam explicar a explosão de casos no Amazonas, Naveca ponderou que as autoridades de saúde sabiam que esse aumento iria ocorrer “porque as pessoas não estavam fazendo distanciamento; nos dias 26 e 27 de dezembro houve protesto porque o governador mandou fechar o comércio, houve as festas de fim de ano”.
Para o pesquisador, pode ser que a variante não seja responsável por um aumento das infecções mais graves, mas sim que o vírus possa ser transmitido com mais facilidade. E conclui: “A gente sempre alerta que, quanto mais um vírus infecta as pessoas, mais vai evoluir”.
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