Como são feitas as vacinas que usam os genes do vírus a nosso favor

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Imagem: Pfizer/Divulgação

Vacinas que usam RNA mensageiro começaram a ser pesquisadas em meados da última década como uma forma mais eficiente de produzir imunizantes. Mas foi com o surgimento do vírus SARS-CoV-2, causador da pandemia de covid-19, que a técnica ganhou impulso e destaque por produzir, até agora, imunizantes com mais alta resposta imunológica entre todas as vacinas candidatas.

Hoje, estão em desenvolvimento ou já em processo de aprovação quatro tipos:

  • vacinas que usam o vírus da doença inteiro, enfraquecido ou morto;
  • vacinas nas quais um vírus inofensivo (chamado de vetor viral) carrega uma proteína do patógeno para provocar uma resposta imunológica do ser humano;
  • vacinas que usam fragmentos da proteína do vírus da doença;
  • vacinas gênicas que replicam, em uma sequência de RNA sintético, a informação genética do coronavírus – e não, elas não podem mudar o seu DNA.

O método de fabrico dos imunizantes baseados em RNAm tem ao menos duas grandes vantagem: vacinas tradicionais (como as que usam o vírus morto) não conseguem acompanhar a evolução e a mutação de algumas doenças. as chamadas vacinas gênicas demandam menos tempo de fabricação e, por usarem o código genético do agente patogênico, provocam uma resposta imune maior (seu único grande senão: a vacina gênica precisa ser conservada a -70°C).

Mensageiro do DNA

Para entender como elas funcionam, é preciso saber o que é o RNA. Sigla em inglês para ácido ribonucleico, ele é a molécula que “cumpre” o que o DNA (onde estão nossos genes) determina. Existem três tipos de RNA: o mensageiro, o transportador e o ribossômico. Apenas o primeiro (o mensageiro) interessa aqui: é ele o usado nas vacinas gênicas.

O chamado RNAm é responsável por codificar as proteínas, determinadas pelo DNA, que a célula precisa. As vacinas genéticas usam uma fita de mRNA do vírus; quando a pessoa é vacinada, suas células absorvem esse mRNA e começam a produzir a proteína do vírus que se quer combater – esse é o antígeno, que migrará para a membrana da célula e lá, será reconhecido pelo sistema imunológico, desencadeando uma resposta contra a doença que se quer combater.

.  Nature/University of Pennsylvania/Pfizer/Moderna/BBC 

Tipos de vacinas

De RNAm não replicante

A fita de RNAm é envolta em uma capa de lipídios e injetada no organismo a ser imunizado, sendo absorvida pelas células para produzir antígenos.

De RNAm auto-replicante in vivo

O RNAm do vírus da doença é envolto por fitas de RNA para garantir que ele será copiado assim que alcançar a célula. Esse tipo de vacina é mais eficaz, porque garante uma produção maior de antígenos a partir de uma quantidade menor de vacina.

De RNAm não replicante de células dendríticas in vitro

Células dendríticas são responsáveis por identificar a infecção e desenvolver a resposta imune. Nesse caso, elas são extraídas do sangue do paciente, expostas à vacina de RNAm e injetadas com o imunizante para estimular uma reação imunológica.

Renderização de uma célula dendrítica.Renderização de uma célula dendrítica.Fonte:  National Institutes of Health/Divulgação 

Futuro

Essa ainda é uma técnica nova, posta à prova pela pandemia. Em muitos aspectos, ela pode representar o futuro da produção de vacinas.

.  TecMundo/J.Reis 

RNAm sintético pode ser duplicado usando-se um molde de DNA – o processo para isso é mais barato e rápido que o do fabrico de vacinas convencionais.

O desenvolvimento do método deve se estender agora a outras doenças infecciosas (já há pesquisas envolvendo o zika vírus desde 2015), ampliando seu uso desde contra alergias até em terapias contra o câncer.

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