Se antigamente ações executadas por máquinas dependiam inteiramente de comandos desenvolvidos por humanos, novidades na área tecnológica provam dia após dia que tais limitações, definitivamente, estão virando coisa do passado. Um time de pesquisadores da Universidade Zhejiang, China, divulgou nessa semana avanços notáveis na robótica com o auxílio de redes neurais e inteligência artificial e apresentou um cachorro-robô que aprendeu sozinho a se defender de influências externas.
Para exemplificar a complexidade atingida, imagine que uma criança não começa a andar somente seguindo orientações de movimentos, e o que determina seu sucesso é a constante tentativa e erro. Pisos escorregadios, tapetes embolados, desníveis, tudo dificulta o processo, mas, de passo em passo, ela chega lá. Esse foi o grande salto da equipe.
O Jueying, nome do dispositivo, com o treinamento virtual de incontáveis situações, mesmo quando chutado ou empurrado, consegue se recuperar da queda independentemente do terreno em que transite ou do motivo do desequilíbrio – sem a necessidade prévia do desenvolvimento de milhares e até milhões de linhas de código.
Zhibin Li, um dos responsáveis pelo projeto, explica que modelos computacionais utilizados foram baseados em sistemas de recompensa. Oito habilidades compõem o projeto. Após aprimoradas, se integraram umas às outras, possibilitando, assim, um diálogo de experiências aplicadas nas situações enfrentadas pelo cachorro-robô e gerando uma espécie de cérebro. Abaixo, você confere essa "conversa".
"A abordagem de IA é muito diferente no sentido de que captura centenas de milhares ou até milhões de tentativas", diz Li. "Portanto, no ambiente simulado, posso criar todos os cenários possíveis. Posso criar diferentes ambientes ou diferentes configurações. Por exemplo, o robô pode começar em uma postura diferente, como se deitar no chão, ficar em pé, cair e assim por diante."
Da ficção para o mundo real
Sabe-se que roteiros não funcionam na vida real. Sendo assim, prever todas as interferências possíveis de campos de batalha e selvas, por exemplo, é o que limita o uso de robôs em tarefas vistas na ficção científica.
Entretanto, não é preciso ir tão longe. Um jogo de futebol já é difícil o bastante para muita gente, se levarmos em conta tudo o que é necessário para ser bem-sucedido. Portanto, Jueying mostra que a era das máquinas não está tão distante de nós.
Com a redução da quantidade de operações básicas executadas por terceiros e a concessão de autonomia aos dispositivos, graças às técnicas disponíveis atualmente, aplicações práticas são, naturalmente, otimizadas.
"[A partir do projeto], teremos robôs mais inteligentes, que são capazes de combinar habilidades flexíveis e adaptativas em tempo real para lidar com uma variedade de tarefas nunca vistas antes", finaliza Zhibin Li em entrevista ao Wired.
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