Para o filósofo e criador do idealismo subjetivo, George Berkeley, “a matéria não existe. O que percebemos como substâncias sólidas, como a madeira ou o ferro, são apenas a impressão produzida em nosso cérebro por Deus”. Desde o século 16, partículas e ondas tomaram o lugar da percepção originalmente divina e, agora, segundo o físico e engenheiro aeroespacial Larry M. Silverberg, da Universidade Estadual da Carolina do Norte, devem perder lugar para algo chamado fragmentos de energia.
“Refletindo as tendências recentes da física, meu colega Jeffrey Eischen (também físico e engenheiro aeroespacial da NCSU) e eu descrevemos uma maneira atualizada de pensar sobre a matéria com uma nova teoria que pode explicar o Universo com precisão”, diz Silverberg, em artigo para o site The Conversation.
Os experimentos de dupla fenda possibiltaram comprovar que a luz pode se comportar como uma onda ou como uma partícula e tanto a física quanto a matemática podem ser usadas para prever como o cosmos se comporta, mas há limites que começaram a desafiar os cientistas quanto mais no interior do átomo se avança: haverá outra partícula no interior de um quark?
“Einstein explicou, em sua teoria da relatividade geral, certos fenômenos físicos e também resolveu um paradoxo antigo relacionado à inércia e à gravidade. Mas em vez de melhorar as partículas ou ondas, ele as eliminou ao propor a deformação do espaço-tempo”, questiona Silverberg.
Ele e Eischen acreditam que o Universo pode ser explicado por algo mais primordial e fundamental que partículas e ondas: energia.
Para todas as coisas
“Os cientistas entendem que partículas e ondas são opostos existenciais: uma partícula é uma fonte de matéria que existe em um único ponto e as ondas existem em todos os lugares, exceto nos pontos que as criam. Nossa teoria começa com uma nova ideia fundamental: a de que energia sempre ‘flui’ através de regiões do espaço e do tempo”, explica o pesquisador.
“O novo modelo teria de ser capaz de ser preditivo para todo o Universo, incluindo em escalas infinitamente pequenas ou grandes, com características tanto de partículas como de onda”. Matematicamente, a resposta surgiu na forma de um bloco de construção semelhante a uma estrela: muita energia concentrada, com níveis mais altos no centro, diminuindo em direção ao exterior.
Segundo Silverberg, “descobrimos que havia apenas um número limitado de maneiras de descrever uma concentração de energia que flui e apenas um que funciona de acordo com nossa definição matemática de fluxo. Nós o chamamos de fragmento de energia, agindo como um bloco de construção da matéria”.
Mercúrio em trânsito
Para testar o novo modelo, Eischen e Silverberg recorreram à relatividade geral de Einstein e como ela explicou a irregularidade na órbita de Mercúrio e a pequena curvatura da luz registrada quando o planeta passa pelo Sol. A teoria dos dois pesquisadores da NCSU foi aplicada a esse problema e, se ela o resolvesse, substituiria partículas e ondas como formadores da matéria do Universo.
“Modelamos o Sol como um enorme fragmento estacionário de energia e Mercúrio, como um fragmento menor, de movimento lento. Para o problema da curvatura da luz, determinamos o fóton como sendo um fragmento minúsculo de energia movendo-se na velocidade da luz. Em ambos os problemas, obtivemos resultado igual ao da teoria da relatividade geral”.
Segundo Silverberg, "se partículas e ondas se quebram, fragmentos de energia se mantêm fortes. Eles poderiam constituir um único bloco de construção universal a partir do qual a realidade seria modelada matematicamente”.
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