Para aqueles que se perguntam sobre o que é, afinal, geoengenharia, Colleen Dolja, pesquisadora do Programa de Pesquisa em Geoengenharia Solar de Harvard, forneceu uma explicação didática ao CNET: é como colocar óculos de sol na Terra – por meio da inserção de partículas reflexivas na atmosfera do planeta e dispersão da energia recebida do astro diretamente para o espaço, reduzindo, de forma artificial, a temperatura por aqui.
"Aerossóis são partículas tão pequenas que ficam suspensas no ar por um bom tempo. Aos olhos humanos, não parecerão brilhantes, mas, provavelmente, se assemelharão a uma nuvem, algo cinzento. Podemos pensar no que ocorre com uma erupção vulcânica, com a qual o céu fica mais 'apagado' e em que diversos agentes químicos bloqueiam a iluminação natural", aponta a especialista.
Quanto ao quê exatamente será lançado, Dolja explica que existe uma grande diferença entre pesquisa e aplicação – e a comunidade científica, por enquanto, está na primeira parte do processo. "Não acho que haja alguém por aí dizendo 'vou, definitivamente, fazer tal coisa', já que todos estão focados em entender os possíveis riscos para entregarem às próximas gerações material suficiente no caso de a ação ser realmente necessária."
De qualquer modo, destaca, existem apostas mais comuns, como os gases sulfeto, já que são produzidos naturalmente. A ideia inicial é que sejam lançados à estratosfera, acima da troposfera, uma camada mais distante da superfície. Com base em uma imensa quantidade de dados a respeito de eventos vulcânicos, "poucas erupções foram poderosas o suficiente para lançarem materiais tão alto", considera, e esse pode ser o elemento-chave de uma ação de sucesso.
Geoengenharia se inspira no efeito de erupções vulcânicas sobre o planeta.Fonte: Pexels
Quem não tem colírio...
De acordo com Dolja, as camadas de partículas permaneceriam por até dois anos "flutuando" pelo céu. Em relação à mensuração da eficácia de tais iniciativas, conta a pesquisadora, não há, ainda, uma tecnologia – e ela reforça a necessidade de mais estudos. O que se sabe, com certeza, é que tudo depende da capacidade de dispersão da atmosfera, o que impede, por exemplo, que as substâncias permaneçam sobre um único local. "Não vão ficar onde começaram", comenta.
Havendo preocupações quanto ao que pode ocorrer, Colleen é enfática: "Digamos que você tenha apendicite – o que seria o aumento constante de gases no planeta – e precise tirar o apêndice fora, pois não há outra solução para evitar a morte. Durante a cirurgia, são administrados analgésicos para diminuir a dor até que tudo se finalize. Esse seria o papel da geoengenharia."
"Não se trata de uma solução, mas de uma ferramenta associada à verdadeira resposta para o problema: redução da emissão de gases", finaliza Dolja.
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