Segundo pesquisas conduzidas ao longo de 2020, complicações cardiovasculares foram observadas em um número significativo de pacientes que desenvolvem a covid-19, causada pelo coronavírus (Sars-CoV-2). O quadro preocupa porque as sequelas podem ser bastante perigosas.
Por conta disso, a Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) se uniu à Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) a fim de elaborar a primeira diretriz a respeito do retorno aos exercícios físicos com segurança após a recuperação.
Efeitos do coronavírus no coração
Embora no início da pandemia se acreditasse que as complicações cardiológicas eram exclusivas dos casos mais graves, hoje já se sabe que mesmo pacientes com sintomas leves ou assintomáticos podem sofrer os efeitos do Sars-CoV-2 no músculo cardíaco.
Ao entrar no organismo, o vírus pode se alojar no coração e destruir as células. Além disso, a própria infecção leva o sistema imunológico a se defender atacando as células infectadas. Infelizmente, dependendo da gravidade e da reação do corpo, tecidos saudáveis do órgão podem ser destruídos também, o que compromete o seu funcionamento.
(Fonte: Pexels)Fonte: Pexels
“Esses processos podem levar a uma miocardite, com o surgimento de áreas com cicatrizes e fibroses que estão relacionadas a arritmias", explica o médico Marcelo Leitão, um dos autores do documento recém-divulgado.
Nesse sentido, uma vez que arritmias ocorrem quando os impulsos elétricos do coração não funcionam adequadamente, é possível entender por que o contexto esportivo demanda cuidados. Afinal, são situações que exigem que o corpo faça esforços, aumentando a necessidade de oxigênio e nutrientes. Sendo assim, se o funcionamento cardíaco não estiver bom o bastante, podem ocorrer infartos e até morte súbita.
Recomendações para a retomada dos exercícios
Sendo assim, a recomendação apresentada na diretriz é de que as pessoas que se recuperaram da covid-19 passem por uma avaliação médica antes de retomar as atividades físicas. Desse modo, um profissional pode analisar o quadro dependendo do nível da infecção e solicitar alguns testes complementares.
Segundo o documento, o exame indicado a todos que tiveram a doença é um eletrocardiograma. Já nos casos mais graves e para atletas profissionais, é preciso verificar mais detalhes por meio de exame de sangue, teste ergométrico, holter e ressonância magnética.
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Uma vez que a pessoa esteja liberada para retomar as atividades, é preciso garantir que isso aconteça aos poucos. "O retorno precisa ser gradativo e vale fazer um fortalecimento muscular antes de partir para o treinamento aeróbico, como correr ou andar de bicicleta", afirma a médica Cléa Simone Colombo, coordenadora responsável pela diretriz.
Segundo os especialistas, mesmo se tudo estiver fluindo bem, sem palpitações, falta de ar ou dor no peito, é importante que seja feita uma reavaliação 2 ou 3 meses depois da liberação inicial. Afinal, como os efeitos do coronavírus em longo prazo ainda não são conhecidos, é melhor se precaver de todas as formas possíveis.
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