Uma das vacinas mais aguardadas no Ocidente, a do consórcio AstraZeneca e Universidade de Oxford, foi do céu ao inferno ao anunciar, na última segunda-feira (23), o resultado da eficácia de até 90% de seu imunizante. Entre comemorações de júbilo da imprensa e de políticos britânicos, a Astra Zeneca reconheceu um erro crítico na dosagem recebida por alguns participantes do estudo.
A controvérsia imediatamente começou a levantar dúvidas se a eficácia a princípio espetacular da vacina será confirmada após ensaios adicionais que serão necessários. Para cientistas e especialistas do setor, o erro não é isolado e existem diversas irregularidades e omissões na forma como a AstraZeneca divulgou os dados.
As autoridades americanas confirmaram que os resultados não foram claros e, para piorar a situação, foi o chefe da principal iniciativa federal de vacinação, e não a empresa, o primeiro a revelar que os resultados mais promissores da vacina não estavam refletindo os dados de pessoas idosas.
O que ocorreu com os testes da AstraZeneca?
Fonte: John Cairns/AP/ReproduçãoFonte: John Cairns/AP
O programa alardeado pela AstraZeneca como 90% eficaz envolveu participantes que receberam meia dose da vacina, seguida por uma dose completa um mês depois. O programa menos eficaz envolveu duas doses completas. No anúncio, a fabricante explicou que menos de 2,8 mil participantes tomaram uma dose inicial menor, enquanto o restante (cerca de 8,9 mil pessoas) receberam as duas doses completas.
A dúvida que surgiu imediatamente foi: por que essa variação tão grande na eficácia da vacina em diferentes doses? Finalmente, e mais estranho: por que uma dose menor produziu resultados melhores? Nem os pesquisadores da AstraZececa nem os da Universidade de Oxford souberam responder a essas questões.
Na quarta-feira (25), o executivo da AstraZeneca encarregado das pesquisas, Menelas Pangalos, explicou que o erro na dosagem foi cometido por uma firma terceirizada e que, tão logo detectado, os reguladores foram imediatamente notificados, e autorizaram a continuação da testagem, mesmo com doses diferentes.
Com o surgimento dessa questão acidental das meias doses, Pangalos afirmou que a empresa fará um teste global com o objetivo de comparar os dois regimes de dosagem. O número de participantes envolvidos ainda não foi revelado, mas o executivo já adiantou que será na casa dos milhares.
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