Num estudo publicado nesta quinta-feira (26) na revista Science Daily, pesquisadores da Universidade de Copenhague identificaram uma tendência preocupante, após analisar a flora do planeta através de imagens de satélite: muito pouca vegetação está brotando da água da chuva nos países em desenvolvimento.
Como a tendência ocorre em sentido inverso nos países desenvolvidos, os cientistas estimam que, em um futuro próximo, poderá ocorrer uma escassez de alimentos e um número crescente de refugiados do clima.
Os pesquisadores dinamarqueses utilizaram imagens extensas de satélites que monitoram a Terra diariamente, do período de 2000 a 2015. Comparando e analisando a evolução da vegetação em regiões áridas do planeta, eles excluíram o volume de chuvas da equação, para dar conta do fato de que algumas regiões receberam mais chuvas, enquanto outras, menos.
Resultados das observações
Fonte: NERCI/ReproduçãoFonte: NERCI
As observações mostraram que mais de 40% dos ecossistemas da Terra são áridos e com tendência de piora ao longo do século atual. Áreas como a África e Austrália possuem vegetação de savana ou deserto, onde historicamente as chuvas foram escassas.
Para dar conta desses cenários desolados, a vegetação e a vida selvagem foram se adaptando aos recursos hídricos disponíveis. Porém, o processo tornou esses biomas extremamente vulneráveis a mudanças climáticas.
Conforme o estudo, há várias explicações possíveis para o fato de as mudanças climáticas e a elevação das temperaturas globais estarem afetando a vegetação dessas regiões áridas em países mais pobres. Entre elas, está o acelerado crescimento populacional da África, por exemplo, onde há necessidade de explorar cada vez mais terras, para enchê-las de gado em pouquíssima grama num ecossistema já degradado.
Conclusões
Fonte: Elizabeth Marie Stuart/ACNUR/ReproduçãoFonte: Elizabeth Marie Stuart/ACNUR
O impacto das mudanças climáticas irá piorar a situação das áreas mais pobres do planeta. As áreas que hoje são áridas irão se expandir, constituindo uma parcela cada vez maior dos ecossistemas globais. Isso resultará em um número crescente de pessoas sem comida, que terão que migrar para não morrer de fome.
Co-autor do estudo, o professor Rasmus Fensholt, conclui que “o declínio da vegetação nas áreas áridas mais pobres do mundo pode causar um aumento de refugiados do clima de vários países africanos. De acordo com o que vimos neste estudo, não há indicação de que o problema diminuirá no futuro”.
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