A resiliência das sondas é uma das maiores conquistas do ser humano na exploração do espaço (vide as Voyagers) assim como a inventividade para explorar ao máximo os recursos das missões em andamento – é o que farão os pesquisadores da Hope, a primeira missão interplanetária dos Emirados Árabes Unidos, agora a caminho de Marte, ao reuni-la com sua colega BepiColombo, que chegará a Mercúrio em 2025.
A pequena nave, projeto das agencias espaciais Europeia (ESA) e japonesa JAXA, está no meio de uma viagem de sete anos. O encontro entre ela e a Hope dará aos cientistas mais informações acerca da presença de hidrogênio em nosso sistema solar.
"Este é um dos objetivos gerais da missão: fornecer ciência inovadora à comunidade internacional. Gostaríamos de agregar valor”, disse ao site Space.com o vice-gerente de projetos científicos da missão Hope, a engenheira espacial Hessa Al Matroushi.
Meteorologia marciana
Lançada em julho deste ano, a sonda emiratense deve alcançar Marte em 9 de fevereiro de 2021 – o início de sua missão como o primeiro satélite meteorológico do planeta vermelho, estudando sua atmosfera, gerando dados para futuras missões humanas e, principalmente, ajudar a ciência a entender sua evolução.
Segundo o controle da missão, as três primeiras manobras de correção da trajetória da Hope foram melhor que o esperado, o que deu aos engenheiros a chance de usar o combustível da nave que seria empregado para mais ajustes na segunda metade da viagem em tarefas extras pelo trajeto de 500 mil quilômetros até Marte.
"A equipe está discutindo isso há algum tempo mas, como diretor de projeto, tive que segurar as coisas porque há prioridades", disse o engenheiro Omran Sharaf. Segundo ele, a Hope tem mais três coisas a fazer antes de estacionar na órbita marciana.
Pirueta
A primeira delas será o encontro com a BepiColombo. Segundo Sharaf, será feita uma “manobra cuidadosamente coreografada em uma faixa do sistema solar interno”. As duas sondas serão postas uma à frente da outra para que possam, as duas, medir a quantidade de hidrogênio no espaço entre elas.
Vênus pelas lentes da BepiColombo em outubro, quando a sonda fez uma manobra para usar a gravidade do planeta como impulso.Fonte: ESA / BepiColombo/MTM/Divulgação
“Então, cada espaçonave dará uma pirueta para fazer a mesma medição, agora voltada para o exterior, através do sistema solar”, acrescentou Al Matroushi.
O objetivo desse balé no meio do sistema solar é fazer medições do hidrogênio interplanetário. No caso da Hope, ela está equipada para analisar também o hidrogênio que escapa da atmosfera marciana. Os dados da BepiColombo ajudarão os cientistas da missão emiratense a diferenciar os dois tipos de hidrogênio, quando a Hope se aproximar de Marte.
Atrelada a essa missão extra, a pequena sonda tem mais duas: analisar o quanto de hidrogênio escapa da exosfera do planeta vermelho e, ativando seu rastreador estrelas, localizar poeira interplanetária.
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