Pesquisadores da Holanda desenvolveram uma nova tecnologia de microscópio que, aliada à técnica de marcação de vírus, consegue monitorar “ao vivo” o momento em que as partículas virais invadem um organismo humano e se replicam dentro das células.
Publicada neste mês (13) na revista Cell, a descoberta pode ser um importante instrumento na compreensão dos vírus de RNA de fita positiva, como o novo coronavírus, o responsável pela atual pandemia de covid-19 no planeta.
O coronavírus é do tipo RNA, o que significa que o seu material genético é constituído de RNA, ou ácido ribonucléico. Esse componente permite que o vírus “sequestre” as células infectadas e produza a replicação viral, como se fossem verdadeiras fábricas de cópias do vírus original.
Embora os vírus de RNA venham sendo objeto de inúmeros estudos, pouco se sabia até então sobre os processos que ocorrem durante as primeiras horas de infecção, devido à falta de ensaios sensíveis, o que limitava o trabalho dos cientistas a algumas capturas de imagens instantâneas e isoladas do processo.
Marcando e rastreando
Representação das imagens da replicação viral observadas no VIRIM (Fonte: Boersma et al./Divulgação)Fonte: Boersma et al.
O novo tipo de rastreamento é baseado na tecnologia “tag-and-track”, no qual uma etiqueta fluorescente chamada SunTag é aplicada às proteínas do vírus. Em seguida, os pesquisadores usam a tecnologia de microscópio VIRIM, sigla em inglês para imagem em tempo real de infecção por vírus, para observar a forma como esse organismo entra na célula e começa a produzir proteínas virais.
Através do VIRIM, os cientistas puderam perceber que a dinâmica de replicação entre as células é um processo heterogêneo, e que existe uma coordenação entre a tradução e a replicação de RNA’s virais únicos. Com isso, os pesquisadores definiram a etapa de entrada do RNA na célula como o principal “gargalo” para uma infecção bem-sucedida.
Dessa forma, a equipe de pesquisa “ajudou” as células, aumentando o seu sistema de defesa. Quando essas estruturas hospedeiras humanas receberam um reforço inicial, elas foram capazes de permanecer totalmente livres de infecções. Com isso, os pesquisadores conseguiram detectar as junções onde e quando o vírus é mais vulnerável.
Para Sanne Boersma, principal autora do estudo, esse conhecimento permitirá a criação de "um tratamento que intervenha em um momento de vulnerabilidade da vida do vírus”.
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