O fim do Cretácio, há 66 milhões de anos, viu despencar do céu o bólido de 12 quilômetros de diâmetro que dizimou a maior parte da vida na Terra – segundo até hoje se pensava, o asteroide apenas apressou o declínio dos dinossauros. Porém, paleontólogos da Universidade de Bath e do Museu de História Natural de Londres acreditam que, se não tivesse havido o impacto, esses animais continuariam a dominar a maioria dos ecossistemas da Terra.
Um par de Gorgosauris libratus, que ocupavam o que é hoje o Canadá.Fonte: PaleoArt/Julio Lacerda/Reprodução
“Estudos anteriores concluíram que os dinossauros teriam morrido de qualquer maneira, por estarem em declínio no final do Cretáceo. No entanto, ao incluir árvores genealógicas de dinossauros mais recentes e um conjunto mais amplo de tipos desses animais, somente metade dos resultados aponta para essa conclusão”, explica o paleontólogo Joe Bonsor, principal autor do estudo publicado na Royal Society Open Science.
Dois Stegoceras passeando no que, hoje, é o estado do Novo México, EUA.Fonte: PaleoArt/Julio Lacerda/Reprodução
A equipe de pesquisa, via modelagem estatística, usou diferentes árvores genealógicas de dinossauros para avaliar se cada um dos principais grupos de dinossauros ainda era capaz de produzir novas espécies nessa época, ou seja, gerar diversidade – a base para a sobrevivência de uma espécie.
Um Protostega e dois Elasmosaurus, possivelmente em um rio do Kansas, EUA.Fonte: PaleoArt/Julio Lacerda/Reprodução
Lacunas
O grupo teve que lidar com as lacunas no registro fóssil – para contornar o problema, foram usados métodos estatísticos para superar esses vieses de amostragem, observando as taxas de especiação das famílias de dinossauros em vez de simplesmente contar o número de espécies pertencentes a cada família.
Um Ornithomimus com seus filhotes.Fonte: PaleoArt/Julio Lacerda/Reprodução
Os resultaram mostraram que os dinossauros não estavam em declínio antes de o asteroide atingir a Terra. “Na verdade, alguns grupos, como os hadrossauros e os ceratopsianos, estavam prosperando. Não há evidências que sugiram que eles teriam sido extintos se aquela catástrofe não tivesse acontecido”, disse Bonsor.
A queda do asteroide pôs fim ao reinado dos dinossauros, deixando desocupados nichos que seriam preenchidos por mamíferos que viriam a dominar a Terra.
Um Jugulator amplissimus, mamífero existente ao fim do Cretáceo.Fonte: PaleoArt/Julio Lacerda/Reprodução
“O ponto principal do nosso artigo é que não é tão simples olhar para algumas árvores genealógicas e tirar conclusões. Os grandes vieses inevitáveis no registro fóssil e a falta de dados indicariam um declínio nas espécies, mas isso pode não ser um reflexo da realidade da época”, disse Bonsor.
Um Pteranodon (Geosternbergia ) sternbergi tenta roubar a refeição de um Nyctosaurus gracilis sobre as águas do hoje extinto Mar Interior Ocidental.Fonte: PaleoArt/Julio Lacerda/Reprodução
Para o paleontólogo, “podemos nunca saber as verdadeiras taxas de evolução dos dinossauros, já que a única maneira de ter certeza seria preencher as lacunas no registro, e acredito que não estamos nem perto de fazermos isso”.
Categorias