Quando um idoso sofre uma fratura, as chances de recuperação diminuem principalmente por conta da osteoporose (perda rápida de tecido ósseo): o osso demora a se recuperar e isso leva a complicações, como infecções bacterianas. Pesquisadores da Universidade Hubei desenvolveram uma técnica para acelerar a regeneração óssea em caso de implantes e combater infecções usando um poderoso aliado microscópico: as bactérias do iogurte.
“Depois da cirurgia, muitos pacientes idosos costumam sofrer de doenças cardiovasculares por causa da demora na cicatrização e longos períodos na cama, aumentando sua mortalidade. Além disso, para prevenir infecções bacterianas, os pacientes recebem antibióticos mas, mesmo assim, o aumento da incidência de bactérias multirresistentes já está se tornando um problema muito sério”, disse o engenheiro de biomateriais e principal autor do estudo, Lei Tan.
Lactobacillus casei é um probiótico usado na fabricação de iogurtes e queijos, e já vem sendo usado não apenas como aliado no tratamento da osteoporose como no combate a micro-organismos (como o Staphylococcus aureus, responsável pela pneumonia e meningite, entre outras doenças) resistentes a antibióticos. Seu uso sempre foi oral, mas a abordagem de Tan leva o bacilo à superfície do próprio implante.
Implante para fêmur fraturado: pacientes idosos têm alta incidência de infecções.Fonte: PubMed/S. Larsson et P. Procter/Reprodução
Sem biofilme e infectados
Segundo ele, “o biofilme que o L. casei desenvolve para aderir à superfície onde ele se multiplica apresenta excelente eficácia antibacteriana ( 99,98% contra S. aureus) por conta da produção de ácido lático e bacteriocina [toxinas que elas produzem para inibir o crescimento de outras bactérias ao seu redor]. Além disso, o açúcar presente no biofilme estimula os macrófagos [que comem restos celulares e incentivam a produção de tecido novo] , fazendo com que o implante se integre ao osso mais rapidamente”.
Depois do sucesso dos testes in vitro, o método foi experimentado em cobaias, para ver se a cicatrização dos ossos era maior com o novo método.
Seis camundongos com a tíbia quebrada receberam implantes de titânio – três, o implante padrão e três, revestidos com biofilmes de L. casei. Depois de quatro semanas, o tecido ósseo dos ratos com o implante com biofilme havia crescido 27%, em comparação com 16% nos animais com implantes regulares (estes últimos ainda desenvolveram infecções).
Fontes