Supernovas, apesar de impressionantes, não são exatamente uma novidade na comunidade científica. Trata-se do resultado do ciclo natural de muitas estrelas, que, em seus estágios finais, entram em colapso e morrem. Por isso, surpreender pesquisadores espaciais é um feito e tanto – o que não quer dizer que tais estudiosos não se dediquem ao máximo para testemunharem fatos inéditos. Foi assim, analisando dados coletados pelo telescópio Hubble, que um grupo se deparou com uma categoria nova de explosão: a kilonova.
De acordo com a NASA, kilonovas surgem a partir da colisão entre duas estrelas de nêutrons, núcleos de astros que estão definhando. Isso gera tanta energia que chega a apresentar um brilho 100 milhões de vezes mais potente que o do Sol – dando origem, inclusive, a buracos negros. O espanto, neste caso, está relacionado à emissão absurda de radiação infravermelha, que não é justificada por explicações tradicionais de rajadas de raio gama.
Wen-fai Fong, líder da análise, explica: "Dado o que sabemos sobre o rádio e os raios X desta explosão, simplesmente não faz sentido. A emissão de infravermelho que encontramos com o Hubble é muito brilhante. Neste quebra-cabeça, uma peça não está se encaixando corretamente."
Além disso, afirma, se o equipamento não estivesse observando o evento naquele exato instante, a equipe nunca conseguiria detectá-lo. Portanto, eles não sabem muito bem o que fazer com a informação.
'Kilonova' detectada pelo telescópio Hubble intriga cientistas.Fonte: Reprodução
Algo de errado não está certo
Tanmoy Laskar, coautor do estudo, conta que, a partir do momento em que os dados foram chegando, os envolvidos se dedicaram a desvendar o mecanismo responsável pela emissão da luz em questão, mas que novas abordagens foram necessárias com o passar do tempo.
"Assim que recebemos as observações, tivemos de mudar nossa maneira de pensar, já que percebemos que teríamos de descartar análises convencionais. Havia algo de novo acontecendo. Depois disso, cabia a nós descobrir o que isso significava para a física por trás dessas explosões altamente energéticas", detalha o cientista.
Por fim, dizem os pesquisadores, é possível que as "vítimas" da colisão tenham criado um magnetar – uma estrela de nêutrons particularmente massiva com campo magnético de grande intensidade. Essa hipótese, dizem, justificaria as estranhas leituras, mas não há certeza alguma sem informações adicionais – que podem demorar anos para surgirem novamente.
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