A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a retomada dos testes da CoronaVac nesta quarta-feira (11). A liberação acontece dois dias depois da suspensão do estudo no Brasil, devido à morte de um dos voluntários participantes.
“Buscando atender ao princípio da transparência, a Anvisa informa que acaba de autorizar a retomada do estudo clínico relacionado à vacina CoronaVac, que tem como patrocinador o Instituto Butantan”, diz a nota da agência, publicada em seu site oficial.
No comunicado, a autarquia vinculada ao Ministério da Saúde também informou ter analisado os novos dados apresentados pelo Butantan, parceiro do laboratório chinês Sinovac na produção do imunizante contra a covid-19, após a suspensão do ensaio clínico. A partir daí, ela obteve “subsídios suficientes” para permitir o reinício dos testes.
A CoronaVac está em fase final de testes no Brasil, com milhares de voluntários.Fonte: Sinovac/Divulgação
A Anvisa comentou ainda que seguirá acompanhando as investigações sobre o caso, até a definição de uma “possível relação de causalidade entre o evento adverso grave (EAG) inesperado e a vacina”. O texto também ressalta que a suspensão temporária não necessariamente indica a falta de qualidade, segurança ou eficácia da imunização.
Disputa política
A suspensão do teste da CoronaVac levou a uma intensa disputa entre o Butantan e a agência ligada ao governo federal. De um lado, o diretor do instituto Dimas Covas afirmava ter informado à Anvisa que a morte não tinha relação com a vacina.
Do outro, o diretor da agência Antônio Barra Torres dizia não ter recebido os detalhes do caso e que diante da falta de informações, resolveu interromper o estudo, com base em “motivos técnicos”.
A suspensão do estudo pela Anvisa gerou muita discussão.Fonte: Governo Federal/Reprodução
Quem também se envolveu no embate foi o presidente Jair Bolsonaro, que usou as redes sociais para comentar o caso. Em resposta a um seguidor, ele escreveu: “Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”.
Morte registrada como suicídio
A morte do voluntário dos testes da CoronaVac, que motivou a Anvisa a interromper o estudo, aparentemente não possui relação com o ensaio clínico ou a doença causada pelo novo coronavírus, conforme apontam as informações preliminares.
De acordo com o UOL e a Globo, o caso, que aconteceu em outubro, foi registrado como suicídio no boletim de ocorrência da Polícia Civil. O laudo do Instituto Médico Legal (IML), indicando a causa da morte, ainda não está concluído, e é importante lembrar que uma cláusula de confidencialidade do estudo proíbe a divulgação dos detalhes de casos como este.
Não se sabe o voluntário falecido recebeu a vacina chinesa ou uma substância inativa.Fonte: Freepik
Os dois veículos informam que o voluntário falecido era um homem de 32 anos de idade. Ele participava dos testes no Hospital das Clínicas de São Paulo e não se sabe se recebeu as doses do imunizante ou o placebo, pois o controle é feito por uma comissão internacional, que não costuma divulgar esse tipo de informação.
Vale ressaltar que essa não foi a primeira interrupção de um estudo de vacinas contra covid-19 no Brasil. Em outubro, um voluntário dos testes da vacina de Oxford morreu em decorrência de complicações da doença, levando o laboratório AstraZeneca a paralisar a pesquisa. Ela foi retomada pouco tempo depois e, neste caso, o voluntário havia recebido um placebo.
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