Robôs militares estão longe daqueles retratados pela ficção científica, mas seu desenvolvimento acelerado talvez faça com que os exércitos estejam bem mais próximos disso – essa pareceu ser a esperança do general britânico Sir Nick Carter: segundo ele, as forças armadas do país poderiam, na próxima década, incluir um grande número de máquinas autônomas ou controladas remotamente.
“Suspeito que poderíamos ter um exército de 120 mil soldados, dos quais 30 mil podem ser robôs, quem sabe?”, disse ele à Sky News, enfatizando, porém, que nenhuma meta específica já tenha sido estabelecida.
Segundo o general Carter, "Conflitos mundiais são um risco e precisamos estar cientes disso".Fonte: PA/Jonathan Brady
Carter, assim como outros oficiais, pressionam o governo a fazer a prometida revisão de gastos a defesa da Grâ-Bretanha – prevista a cada cinco anos, em 2020 ela foi adiada. O investimento de uso intensivo em robôs em conflitos deveria estar no centro do novo plano de investimentos nas forças armadas principalmente por um problema sem solução há anos.
O governo não consegue atingir sua cota de recrutamento – a força atualmente tem, em suas fileiras, 73.870 soldados, bem abaixo da meta nominal de 82.050. Esperava-se que a meta fosse reduzida para 75 mil, com a tecnologia sendo usada para preencher a lacuna deixada – principalmente porque cada uma das forças armadas britânicas têm seus próprios projetos de pesquisa envolvendo o uso da robótica em conflitos, como drones ou veículos controlados remotamente, armados ou para reconhecimento.
Robôs assassinos
A estrela é o i9, um drone armado e operado remotamente para ser usado em situação de guerra urbana (como a tomada de edifícios com reféns) – normalmente, isso gera muitas vítimas. Segundo o Ministério da Defesa britânico, não existe a possibilidade de as forças armadas do país usarem soldados que não humanos para manejar e disparar armas.
É isso o que espera a Campanha para Parar os Robôs Assassinos (Campaign to Stop Killer Robots), lançada em 2012 pela organização não-governamental Human Rights Watch buscando a proibição mundial de sistemas eletrônicos autônomos letais, os chamados “robôs assassinos”. A campanha já tem o apoio de 60 países (incluindo o Brasil).
Um grupo menor de países, com a Rússia e os Estados Unidos à frente, é contra qualquer regulamentação, impedindo iniciativas para que ela se concretize e investindo fortemente no desenvolvimento desse tipo de armamento.
Comandos de voz
Nos EUA, um projeto de uma década (a Robotics Collaborative Technology Alliance), sob a liderança do Laboratório de Pesquisa do Exército, uniu pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da Universidade Carnegie Mellon com cientistas de órgãos do governo como a NASA e empresas de robótica, como a Boston Dynamics.
A chamada aliança resultou em uma gama de robôs que consegue se mover, ultrapassar obstáculos e seguir instruções verbais. “O cão é um exemplo perfeito do que almejamos em termos de parceria com os humanos”, diz o líder do projeto, o engenheiro Stuart Young.
Um dos robôs hoje testados pelo exército americano, controlado à distânciaFonte: Clearpath Robotics/Reprodução
O funcionamento desses robôs inteligentes, que podem receber instruções verbais, interpretar gestos e seguir ordens sem supervisão constante é possível por causa do software desenvolvido pelo laboratório do exército.
Segundo o engenheiro aeroespacial Nicholas Roy, do MIT, “mesmo os carros autônomos existentes hoje não têm um nível de compreensão alto o suficiente para seguir as instruções de outra pessoa e realizar uma missão complexa. Mas nosso robô pode fazer exatamente isso.”