Dos poucos objetos espaciais conhecidos que representam ameaça à Terra, um dos mais acompanhados por pesquisadores é Apophis – e novos cálculos indicam que ele ainda tem potencial de colidir com nosso planeta. A partir de observações realizadas com o telescópio Subaru, cientistas se dedicam a analisar um efeito chamado Yarkovsky, que atua como um sistema de propulsão integrado ao corpo celeste e gera pequenos desvios em sua órbita. Dave Tholen, da Universidade do Havaí, é taxativo quanto ao que ele pode fazer: "Com essa alteração, a probabilidade é pequena, mas não inexistente".
As descobertas foram descritas em um artigo apresentado durante o encontro virtual de 2020 da Divisão de Ciências Planetárias da American Astronomical Society. De acordo com as análises, Apophis é o 3° maior perigo (quando se fala do que vem de fora), havendo 1 chance em 150 mil de que ele realmente entre em choque conosco em 12 de abril de 2068 – 0,00067%. Ela pode ser ainda menor, segundo o monitor de impacto NEODyS, que inclui uma taxa de variação nominal de Yarkovsky (1 em 530 mil).
De qualquer modo, Tholen alerta que é preciso ter cuidado com estimativas muito positivas, já que outras variáveis devem ser consideradas. No pior dos cenários, formado por níquel e ferro, medindo mais de 300 metros de largura (três campos de futebol), seu impacto liberaria o equivalente a uma bomba de TNT de 1.151 megatons – um evento que ocorre 1 vez a cada 80 mil anos por aqui.
Chances de colisão são pequenas, mas existem.Fonte: Reprodução
Contagem regressiva
As expectativas já foram piores, pois, quando descoberto, em 2004, especialistas projetaram 2,7% de chances de que o Apophis aterrissasse em nosso lar. Entretanto, tudo muda o tempo todo, pois asteroides estão diretamente expostos à luz solar, absorvendo energia e redirecionando calor ao Universo, o que resulta no aumento de suas velocidades e em alterações de suas trajetórias.
"A luz irradiada de um corpo dá a ele um pequeno, minúsculo empurrão. O lado mais quente de um asteroide empurra um pouco mais forte do que o lado mais frio, porque o lado mais quente emite mais luz (em comprimentos de onda infravermelhos invisíveis), então há uma força não gravitacional agindo no corpo", explicou Tholen, que dá atenção especial à rocha há 16 anos com sua equipe. "É uma força tão pequena que não é perceptível para objetos maiores, mas, quanto menor o objeto, mais fácil é de detectar o efeito", ele complementou. Além disso, o poder gravitacional, claro, deve ser levado em conta.
Observações realizadas em janeiro e março deram os detalhes necessários para as novas previsões e, quando Apophis se aproximar da Terra, em 2029, o nosso planeta exercerá influência sobre ele. Sendo assim, daqui a 9 anos, poderemos ter uma ideia melhor se o fim, ao menos esse, está próximo.
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