O cérebro vitrificado de um homem que foi vítima da erupção do vulcão Vesúvio, ocorrida há cerca de 2 mil anos e que destruiu as antigas cidades de Pompeia e Herculano, na Itália, ainda tem neurônios preservados. É o que revela um estudo publicado na última sexta-feira (02) na revista científica PLOS ONE.
De acordo com o antropólogo forense Pier Paolo Petrone, da Universidade de Nápoles Federico II, uma análise mais aprofundada dos restos mortais permitiu registrar que as células cerebrais estavam bem preservadas. "A descoberta de tecido cerebral em antigos restos humanos é um evento incomum", disse Petrone ao Ars Technica.
Amostra do cérebro vitrificado.Fonte: ArsTechnica/Reprodução
O líder do estudo revelou que os pesquisadores analisaram a amostra do cérebro vitrificado com microscopia eletrônica de varredura. Com isso, foi possível identificar evidências de neurônios e axônios, além de ácidos graxos presentes no cabelo humano, entre outros materiais que podem ser parte do cerebelo e da medula espinhal do homem.
"Cérebro de vidro"
No início de 2020, outro estudo publicado no New England Journal of Medicine já havia indicado que os restos mortais descobertos na década de 1960 onde ficava Herculano incluíam o cérebro vitrificado de uma vítima do Vesúvio.
Conforme a pesquisa, o órgão de vidro pertencia a um homem de 25 anos de idade cujo corpo foi encontrado deitado de bruços em uma cama de madeira em meio a uma pilha de cinzas vulcânicas. Os pesquisadores acreditam que a vítima dormia quando a lava chegou ao local, causando mortes e destruição.
Local em que os restos mortais foram encontrados.Fonte: ArsTechnica/Reprodução
A transformação do cérebro em material vitrificado teria sido causada pela alta temperatura da lava, em torno de 500 °C, seguida por um resfriamento rápido, conforme indicam os cientistas. Dessa forma, os tecidos moles do corpo foram vaporizados e o crânio explodiu, mas, com o corpo se esfriando rapidamente, os pedaços do cérebro se transformaram em vidro.
Próximos passos do estudo
O grupo liderado por Petrone inclui arqueólogos, cientistas forenses, biólogos, neurogeneticistas e matemáticos e agora quer descobrir mais detalhes a respeito do processo de vitrificação.
Local de escavação na antiga cidade de Herculano.Fonte: ArsTechnica/Reprodução
A partir de novas análises dos restos mortais, eles pretendem saber as temperaturas exatas às quais as vítimas do vulcão foram expostas e a taxa de resfriamento das cinzas vulcânicas. Outra ideia é analisar as proteínas encontradas e os seus genes relacionados.
A teoria sobre a causa da vitrificação do cérebro é rebatida por outros cientistas, por isso novos detalhes a respeito do processo são essenciais para a pesquisa.
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