Até hoje, os astrônomos só conseguiram encontrar dois tipos de buracos negros: aqueles que se originam do colapso de estrelas ou os gigantes supermassivos, rugindo no centro das galáxias (a Via Láctea tem um, chamado Sagitário A*).
Para entender essa estranha seleção de tamanhos da natureza, um grupo de cientistas imaginou que o problema, talvez, esteja na régua. E se os buracos negros supermassivos forem, na verdade, o tamanho M? Se isso for verdade, existem buracos negros tamanho G, incomensuravelmente grandes e gigantescamente massivos.
Impressão artística dos arredores de um típico buraco negro supermassivo, encontrado no centro de muitas galáxias.Fonte: ESO / L. Calçada
Segundo a equipe de pesquisadores (Bernard Carr, astrônomo e matemático da Queen Mary University of London; Florian Kühnel, cosmólogo da Ludwig-Maximilians Universitat; e Luca Visinelli, físico teórico da Universiteit van Amsterdam), esses monstros teriam massa 1 trilhão de vezes maior do que a do Sol.
Os pequenos buracos negros (ou buracos negros de massa estelar) são o que restou de estrelas supermassivas. Eles crescem se fundindo a outros e alimentando-se de qualquer coisa que caia além de seu horizonte de eventos. Eles são comuns no Universo, tanto quanto estrelas massivas. Menos comuns são aqueles que habitam quase todo o centro de uma galáxia, com 100 bilhões de massas solares, em média.
Maiores que o maior
Em seu trabalho publicado no repositório de artigos arXiv, os pesquisadores sugeriram aumentar a escala, acrescentando buracos negros estupendamente grandes (Stupendously Large Black Holes —SLABs). O tamanho deles: 100 quintilhões de massas solares.
Eles seriam maiores do que o maior buraco negro já conhecido, o J2157, no centro da galáxia SMSS J215728.21-360215.1, a 12 bilhões de anos-luz de distância. Ele é um buraco negro do início do Universo, engolindo o equivalente a 1 Sol a cada 2 dias e crescendo como nenhum outro buraco negro conhecido o faz.
Imagina-se que os primeiros buracos negros devem ter aparecido quando o Cosmos contava com menos de 1 bilhão de anos. Com o passar do tempo, eles cresceram, unindo-se a outros buracos negros ou engolindo mundos inteiros, tornando-se supermassivos ou talvez um SLAB.
Limite para a "gulodice"
Porém, há limites do quanto um buraco negro pode crescer. Fundir-se a outros supõe que existam buracos negros disponíveis para serem absorvidos. Quanto a engolir massa estelar, de acordo com física dos buracos negros há um limite para a velocidade com que eles conseguem devorar a matéria.
Os pesquisadores têm algumas ideias de como os achar e procurar galáxias com formas distorcidas (SLABs exerceriam uma força gravitacional desmesurada sobre elas, se estiverem em seu interior).
À medida que crescessem, atrairiam tanta matéria que afetariam o fundo cósmico de micro-ondas, a radiação fóssil de quando nosso Universo tinha apenas 380 mil anos. SLABs poderiam atrair e engolir tanta matéria que mesmo a misteriosa matéria escura poderia se acumular ao seu redor, emitindo um tipo particular de radiação.
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