A histórica missão Chang’e 3, que levou a China a se tornar o terceiro país a pousar na Lua, ainda tem alguns instrumentos funcionando e enviando dados para a Terra, mesmo estando há quase 7 anos na superfície do satélite natural.
Lançada no dia 2 de dezembro de 2013, a missão, composta com um rover de exploração e um módulo de alunissagem, pousou na região Mare Imbrium 2 semanas após sair da Terra. O objetivo do projeto era abrir caminho para futuras missões do país, incluindo uma viagem tripulada, prevista para acontecer até o final desta década.
Com tanto tempo em um ambiente hostil, muitos acreditavam que todos os equipamentos já haviam parado de funcionar. No caso do rover Yutu, termo que significa “coelho de Jade”, já se sabia sobre a sua quebra. Em janeiro de 2014, ele perdeu a capacidade de se movimentar, devido a problemas mecânicos.
A Chang'e 3 chegou à Lua em 2013.Fonte: Wikimedia Commons
Mas uma atualização divulgada pelo Programa Chinês de Exploração Lunar, no início de setembro, trouxe uma boa notícia: de acordo com os responsáveis pelo projeto, o módulo de pouso ainda está operando mais de 2,4 mil dias após chegar à Lua.
Telescópio ultravioleta
Movido a energia solar, o módulo de pouso da Chang’e 3 opera durante o dia lunar. Já à noite, quando a temperatura cai bastante, uma unidade de aquecimento de radioisótopo o protege de possíveis falhas em decorrência do frio.
Com a energia garantida, alguns instrumentos científicos, como o telescópio ultravioleta lunar, conseguem funcionar. Segundo o pesquisador Jing Wang, do Observatório Astronômico Nacional de Pequim, que gerencia o equipamento, ele monitora estrelas variáveis e envia fotos, como a imagem da Galáxia Catavento (veja abaixo) registrada direto da Lua.
Foto tirada pelo telescópio da missão chinesa.Fonte: Space.com/Reprodução
Além disso, ele emite sinais de rádio de banda X e S, captados por estações terrestres na China. Operadores de rádio independentes também captam os sinais da espaçonave frequentemente, de acordo com o Space.com, confirmando a atividade da sonda.
Descobertas do rover Yutu
Projetado para trabalhar durante 3 meses, o pequeno robô também continuou a funcionar e a enviar dados 31 meses após o pouso, mesmo enquanto estava parado.
Os dados que ele conseguiu coletar durante o deslocamento pela superfície lunar trouxeram importantes resultados científicos. Analisando as informações enviadas pelo rover, pesquisadores da Universidade de Geociências da China descobriram evidências de camadas relativamente jovens de basalto na área de pouso da Chang’e 3.
O pequeno rover quebrou enquanto se movia pela Lua.Fonte: Space.com/Reprodução
A novidade foi descrita em um estudo publicado em agosto deste ano, que também contou com a participação de outras instituições de ensino. A pesquisa foi baseada nos dados do radar de penetração no solo do Yutu.
Missão Chang’e 4
Trabalhando no lado oculto da Lua, a missão Chang’e 4 chegou por lá em janeiro de 2019. Assim como a anterior, ela conta com um módulo e um rover, chamado Yutu 2, que seguem operando normalmente.
O próximo passo é o lançamento da missão Chang’e 5, ainda em 2020, que vai recolher amostras lunares e trazê-las para a Terra.
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