Se já é difícil de encontrar novos mundos na própria Via Láctea, que, supõe-se, contém bilhões deles, imagine o desafio de atestar a existência de outros fora dela? Métodos de detecção atuais, por mais avançados que sejam, se deparam com diversos obstáculos nesta empreitada, mas cientistas do observatório norte-americano Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics divulgaram uma novidade que representa um avanço na área. Eles afirmam ter observado o que pode ser o primeiro exemplar do tipo confirmado da História e batizaram-no de M51-ULS-1b. O corpo celeste é um candidato e tanto ao posto.
Em artigo publicado na última sexta-feira (18), os pesquisadores explicaram que utilizaram uma abordagem diferente em seus estudos, focada em fontes brilhantes de raio X. De acordo com a equipe, o M51-ULS-1b produz um eclipse completo e de curta duração, orbitando um sistema binário da galáxia M51, que está a pouco mais de 28 milhões de anos-luz da Terra, chamado M51-ULS-1, composto de uma estrela de nêutrons (ou buraco negro) e outra massiva.
"O método poderá ser utilizado na procura de mais planetas em outras galáxias e até daqueles que orbitam outras estrelas que façam parte da nossa”, explicam. Quanto ao achado, a astrônoma Angelle Tanner, da Mississippi State University, que não fez parte da análise, comemora com os pés no chão: "É incrível, mas não inesperado".
M51, galáxia na qual o sistema binário e o M51-ULS-1b se encontram.Fonte: Reprodução
Senta lá!
Infelizmente, décadas podem se passar até que a hipótese seja confirmada, pois é preciso observá-lo novamente, o que depende diretamente do tempo que leva para retornar à posição em que foi visto. Considerando que a distância entre ele e suas estrelas é semelhante à existente entre Saturno e o Sol (e que, neste caso, exige 29,5 anos terrestres para uma volta completa), bem, é melhor esperar sentado.
No pior dos cenários, não se trata exatamente de um exoplaneta pertencente ao sistema binário, e ele nunca mais será visto. Mesmo com esse possível balde de água fria, não há espaço para desânimo: "Não foi à toa que chegamos a esse resultado. Só o atingimos porque estávamos justamente procurando algo dessa maneira", declarou a equipe.
"Nossa pesquisa levará a estudos mais detalhados de planetas e outros objetos em galáxias externas, e estendê-la expandirá o escopo do que podemos dizer sobre nosso lugar no universo."
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