A Coca-Cola foi inventada em 1886, enquanto a Pepsi chegou em 1898. Desde então, os dois refrigerantes travam uma guerra comercial que chegou até o espaço. O feito aconteceu em 1985 e marcou o que ficou conhecido como a “Guerra Espacial das Colas”.
Partiu da Coca-Cola a iniciativa de enviar o refrigerante ao espaço. A empresa entrou em contato com a NASA para desenvolver uma latinha para viajar com o ônibus espacial Challenger. No ambiente de microgravidade da órbita da Terra, é necessário um mecanismo que empurre o líquido para fora apenas na hora que o astronauta quiser – do contrário, uma bagunça poderia acontecer dentro da aeronave.
A lata foi adaptada para conter um saco plástico laminado com a bebida e uma bexiga pressurizada com dióxido de carbono, que servia para impulsionar o refrigerante para a boca. Também foi incluído uma válvula metálica para impedir o vazamento do líquido.
A lata da Coca-Cola.Fonte: NASA/Space
A criação das latas
Quando a Pepsi soube dos planos da Coca-Cola, ela implorou à NASA para participar da mesma missão. A agência espacial não viu problema nisso, desde que a empresa desenvolvesse uma latinha a tempo do lançamento.
Enquanto a Coca investiu cerca de US$ 250 mil no dispositivo, a sua rival pegou um projeto em andamento, orçado em US$ 14 milhões, para adaptar uma nova lata – a diferença era que o dióxido de carbono não seria pré-pressurizado, sendo produzido por elementos químicos dentro do recipiente.
Ainda assim, por ter sido feito às pressas, o projeto da Pepsi parecia ter um pior acabamento. A latinha parecia mais um dispenser de chantilly e tinha menos tecnologia do que a da Coca, que teve mais tempo para elaboração.
A lata da Pepsi.Fonte: NASA/Space
Missão oficial, mas com pouco crédito
A NASA tirou o corpo fora na guerra, sem dar um valor comercial para o experimento. A missão foi intitulada “Avaliação de recipientes de bebidas carbonatadas” e deveria ser executada apenas quando os astronautas tivessem um tempinho sobrando. A principal atribuição da equipe seria o estudo da física solar, atmosférica e astrofísica.
Por conta disso, alguns dos membros da tripulação não curtiram a incubência de testar dois símbolos comerciais no espaço. “Achei que era frívolo e depreciativo da ciência da missão”, analisou o astronauta John-David Bartoe, 35 anos depois. Ele era o especialista em carga útil da Challenger e se recusou a fazer parte do experimento. “Em retrospecto, isso foi estúpido da minha parte”, concluiu.
A fim de evitar comparações das bebidas para fins comerciais, os astronautas toparam avaliar apenas o dispositivo criado pelas empresas para beber no espaço. Foram enviadas 4 latinhas de cada marca para a apreciação a bordo.
O astronauta Loren Acton experimentando a Pepsi.Fonte: NASA/Space
Poucas conclusões
Os resultados apontaram que as latinhas funcionaram conforme o prometido. Ainda assim, foi impossível não comentar a sensação de beber um refrigerante de cola no espaço. A primeira mudança diz respeito à temperatura: elas embarcaram geladas na Challenger, mas perderam o resfriamento antes de serem ingeridas.
“O problema era com as bebidas carbonatadas. Quando você abre uma garrafa na Terra, as bolhas sobem e vão embora. Se não há gravidade, as bolhas não sobem”, explicou o astronauta Tony England, que também estava a bordo. Segundo ele, os gases acumulados no estômago produziam "arrotos molhados".
A Coca-Cola ainda voltou ao espaço mais 3 vezes, entre 1991 e 1996, com novos dispositivos. Já a Pepsi só enviou uma lata inflável gigante, em 1996, para gravar um comercial dentro da estação espacial russa Mir.
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