A partir do momento em que a humanidade pisou na Lua, a ideia de morar entre as estrelas passou a não ser um sonho tão distante. A ficção científica foi uma das principais beneficiadas com isso, apresentando histórias que se passam em colônias marcianas ou que retratam viajantes espaciais que se aventuram por diversos planetas do sistema solar.
O crescimento de problemas envolvendo poluição, falta de controle populacional e guerras por territórios faz com que viver no espaço se torne uma das opções mais atrativas para trazer paz à Terra. Confira neste artigo alguns dos motivos pelos quais a vida extraplanetária é possível, e quais as tecnologias necessárias para isso.
Esqueça a Lua ou Marte
Embora não se descarte a ideia de que algum dia possamos colonizar outros planetas ou satélites, a quantidade de recursos e tecnologias necessárias para isso atualmente foge ao alcance da humanidade. Dessa forma, é grande a probabilidade de que as primeiras colônias espaciais se tratem de grandes espaçonaves orbitando a Terra.
Ampliar (Fonte da imagem: NASA)
Apesar de tais construções não disporem de recursos próprios, seria muito mais fácil reproduzir nelas as condições da atmosfera terrestre. Esse é um fator muito importante, tanto para a realização de atividades diárias quanto para o desenvolvimento dos bebês nascidos nas colônias.
Enquanto na Terra a gravidade é considerada como 1g, na Lua esse valor é de 1/6g, e em Marte 1/3g. Devido a esses valores mais baixos, os músculos e ossos de uma pessoa nascida nesses lugares não seriam desenvolvidos o bastante para que elas pudessem circular normalmente pelo nosso planeta – situação inexistente nas naves espaciais, capazes de simular condições de gravidade idênticas às da Terra.
Outras vantagens apresentadas pelas colônias na forma de espaçonave são:
- Facilidade de obter suprimentos;
- Superfície constantemente iluminada pelo Sol, resultando em uma maior produção energética;
- Falta de gravidade no espaço que permite a construção fácil de expansões para a colônia;
- Proximidade com a Terra facilita o uso recreativo e o envio da energia produzida;
Como funcionaria?
As colônias espaciais serão imensas espaçonaves com formato próximo ao de um cilindro, com um eixo central girando em velocidade constante. Tal rotação seria a responsável por criar a gravidade artificial que permitirá viver uma vida em condições semelhantes aos de nosso planeta.
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Como o envio de material de construção através dos meios tradicionais seria muito caro, asteroides, cometas e a própria Lua poderão ser minerados em busca de suprimentos como oxigênio, silício, hidrogênio, metais variados e carbono. Enquanto recursos como nitrogênio ainda terão de ser importados da Terra, acredita-se que os elementos encontrados no espaço serão suficientes para promover o crescimento sustentável das colônias.
Para que o projeto funcione, será preciso criar um ambiente capaz de reciclar constantemente elementos como água, ar e alimentos, enquanto se mantém uma temperatura adequada à vida. Projetos como o Biosphere II, da NASA, já mostraram alguns avanços nesse sentido, embora ainda seja preciso muito desenvolvimento para que seja possível sustentar um espaço dividido por milhares de pessoas.
Alguns exemplos extremos de como reaproveitar recursos no espaço incluem o uso da urina dos tripulantes, seja como forma de produzir energia ou como uma alternativa a um copo de água gelada. Porém, os objetivos gerais devem ser mais amplos, incluindo a emulação perfeita da biosfera terrestre – processo difícil em que será preciso encontrar o ponto de equilíbrio certo entre a velocidade de produção e consumo de recursos.
Radiação
Outra preocupação é a criação de métodos capazes de bloquear a radiação espacial, tarefa realizada na Terra pela sua atmosfera. Para proteger as colônias, será preciso cercá-las por uma grande quantidade de massa, responsável por absorver a maior quantidade possível de ondas eletromagnéticas e partículas prejudiciais – a melhor alternativa nesse sentido seria aproveitar-se dos resíduos resultantes da mineração de asteroides e cometas.
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As dificuldades nesse sentido são grandes, especialmente quando se leva em conta a quantidade absurda de radiação existente no espaço. Para efeitos de comparação, médicos recomendam que uma pessoa deve ser exposta a somente 360 milirems anuais para evitar problemas, quantidade que corresponde entre 4 a 5 raios-X.
Já um astronauta morando na Estação Espacial Internacional recebe uma dosagem diária correspondente a 8 raios-X, o que explica a quantidade limitada de tempo que cada um fica no espaço. Isso sem contar com a ocorrência de tempestades solares, capazes de aumentar de forma absurda a quantidade de partículas e a intensidade das ondas eletromagnéticas em ambientes sem nenhuma proteção.
Um evento do tipo, ocorrido entre as missões Apollo 16 e Apollo 17, gerou uma explosão de radiação com intensidade de 7000 rem. Caso algum astronauta estivesse caminhando sobre a superfície lunar nesse momento, mesmo os mais modernos dispositivos de proteção, ele não escaparia de uma morte instantânea.
Transporte
Finalmente, outra preocupação a ser resolvida está relacionada ao transporte de materiais para o espaço. Atualmente, cada libra custa entre US$ 2 mil a US$ 14 mil para ser transportada para a órbita terrestre, tornando impraticáveis os valores necessários para enviar centenas (ou milhares) de pessoas ao espaço.
Para solucionar esse problema, a NASA e outras empresas estudam meios de empregar jatos hipersônicos, tecnologia que atualmente passa por fase de testes. Também não se descarta a construção de catapultas eletrônicas na Lua e na superfície de diversos asteroides, responsáveis pelo envio mais rápido dos materiais necessários pelas colônias.
O que a ficção tem a nos ensinar?
Várias colônias espaciais são parte integrante de muitos produtos que se tornaram verdadeiros fenômenos culturais. Seja na forma de um ponto de encontro entre diversas raças inteligentes, referências ao consumismo exagerado ou como campos de batalha, essas construções se transformam em personagens tão importantes quanto as pessoas que as habitam.
Citadel
(Fonte da imagem: Mass Effect Wiki)
A estação espacial que serve como ponto principal do universo de Mass Effect possui um visual que lembra muito as possíveis colônias espaciais terrestres do futuro. Construído há 50 milênios atrás na Nebula Serpente, o local serve como capital política, cultural e financeira da comunidade galáctica do jogo.
Embora o comandante Shepard não passe muito de sua aventura aqui, é só ao se chegar ao local que se tem ideia da grandiosidade possuída pelo game da BioWare. A presença de várias figuras marcantes e de um perigoso segredo tornam esse um dos locais mais importantes da franquia que mistura RPG e tiro em terceira pessoa.
Halo
(Fonte da imagem: Bungie)
Uma imensa estação espacial com o formato de um anel, o local misterioso que dá nome à franquia estrelada por Master Chief é cenário de vários tiroteios, explosões e sacrifício. A descoberta de que a imensa construção é na verdade uma armacapaz de acabar com toda a vida inteligente do universo só serve para que ela dificilmente saia da lembrança dos fãs da série criada pela Bungie.
AXIOM
(Fonte da imagem: Pixar Wiki)
Dependendo do que é mostrado no filme Wall-E, da Pixar, no futuro a humanidade será composta somente de obesos cuja única preocupação é se divertir o dia todo. Com o formato de um verdadeiro cruzeiro espacial, a estação mostrada no filme navega pelas estrelas enquanto esperava a Terra se tornar um ambiente habitável novamente.
Mais do que a colônia espacial em si, surpreendem os diversos recursos disponíveis para cuidar de todos os aspectos da vida dos tripulantes. Alimentação, limpeza e transporte são feitos de forma totalmente automática, resultando em um contexto no qual o maior esforço que se tem é levantar o braço para segurar um copo repleto de milk-shake.
A Estrela da Morte
(Fonte da imagem: StarWars.com)
A estação espacial mais conhecida de toda a ficção científica, a Estrela da Morte é a maior obra já construída pelo Império Galáctico. Supervisionada diretamente por Darth Vader, essa verdadeira lua tinha capacidade suficiente para destruir um planeta com um único tiro. Não fosse uma falha de projeto e um Jedi em treinamento, a nave poderia ter assegurado o domínio eterno do lado negro sobre o Universo.
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