Um novo laser desenvolvido por cientistas da Universidade Central da Flórida, nos Estados Unidos, pode revolucionar o campo das comunicações. Ao contrário do comportamento-padrão de feixes do tipo, a criação desafia as leis da Física, pois sua velocidade de transmissão não é afetada pelos materiais atravessados, seja ar, vidro de fibra óptica ou quaisquer outros, em uma espécie de refração inédita.
Ao se deslocar de um meio para outro, quando passa por algo mais denso, a luz, normalmente se torna mais lenta. O professor Ayman Abouraddy, da instituição, explica: "Pense em como uma colher dentro de um copo cheio de água parece quebrada no ponto em que a água e o ar se encontram. A velocidade da luz no ar é diferente da velocidade da luz na água. Com isso, os raios de luz acabam se curvando após cruzarem a superfície entre o ar e a água e, portanto, a colher parece torta. Esse é um fenômeno bem conhecido, descrito pela Lei de Snell." Isso, entretanto, não acontece com os chamados pacotes de ondas do espaço-tempo.
"Os pacotes de ondas do espaço-tempo podem ser arranjados para se comportar da maneira usual, ou para não mudar sua velocidade de forma alguma, ou mesmo para acelerar anormalmente em materiais mais densos. Dessa forma, esses pulsos de luz podem chegar a diferentes pontos no espaço ao mesmo tempo", complementa.
Ayman Abouraddy, líder da pesquisa.Fonte: Reprodução
Comunicação simultânea e às cegas
Para dar vida ao que era considerado impossível, foi utilizado um dispositivo conhecido como "modulador espacial de luz", capaz de reorganizar a energia de um pulso de luz de modo que suas propriedades no espaço e no tempo não sejam mais separadas. O equipamento permite controlar a "velocidade de grupo" do pulso de luz, o que já possibilitou diminuir a velocidade da luz no ar e criar pulsos superluminais que viajam mais rápido que a própria luz.
"O que descobrimos aqui é que não importa quão diferentes sejam os materiais pelos quais a luz passa, sempre existe um de nossos pacotes de onda do espaço-tempo que pode cruzar a interface dos dois materiais sem alterar sua velocidade. Então, não importa quais sejam as propriedades desse meio, [o pulso] atravessará a interface e continuará como se a interface não estivesse lá".
"Você verá que não é a colher que entorta" (Matrix, 1999).Fonte: Reprodução
Abouraddy, por fim, exemplifica que um avião, em tese, poderia se comunicar com dois submarinos ao mesmo tempo, independentemente de suas localizações. “A pessoa que envia o pulso não precisa nem mesmo saber onde estão os submarinos, desde que eles estejam à mesma profundidade. Todos os submarinos receberão o pulso ao mesmo tempo, de forma que você poderá sincronizá-los às cegas, sem saber onde eles estão", finalizou o professor.
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