A quarentena começou em março no Brasil e já estamos perto de 100 mil mortes causadas pelo novo coronavírus. Há previsão para o lançamento de uma vacina e estima-se que todo o país seja imunizado até fevereiro de 2021, mas e se isso não acontecer? A revista Nature tentou prever como seria o "normal" para um próximo ano sem uma vacina definitiva.
No geral, há o mistério: em artigo, a publicação aponta que a covid-19 veio para ficar e que o Sars-CoV-2 estará presente entre nós para sempre. Com isso em mente, o cenário seria totalmente dependente das medidas de contenção do vírus, como vacinas com imunização temporária, máscaras, higiene reforçada e isolamento social — mas como seria para o mundo?
A resposta menciona uma dinâmica diferente para cada país, pois as condições variariam de acordo com contágio, novos casos registrados e mortalidade da doença. Exemplo disso já está acontecendo: enquanto Brasil e Estados Unidos enfrentam um crescimento vertiginoso em número de infectados, China, Nova Zelândia e Ruanda comemoram o "retorno à vida normal".
Sem vacina, máscaras seriam necessárias periodicamente.Fonte: Pexels
Por lá, o retorno é resultado do trabalho constante de medidas públicas de conscientização, isolamento social e diferentes tipos de quarentena, com normas rígidas seguidas à risca e que apresentaram efeito, mesmo que ainda exista o temor do retorno da doença.
Higiene pessoal rigorosa como hábito definitivo
O novo normal internacional incluiria hábitos levados para a higiene pessoal. Alternativas para o convencional aperto de mão, limpeza constante das mãos, de embalagens e roupas e uso de máscara seriam normas permanentes para um futuro sem vacina.
Análises do MRC Centre for Global Infectious Disease Analysis, setor do Imperial College London, instituição britânica com foco em ciência, engenharia e medicina, reiteram que países em processo de reabertura não enfrentaram novos picos da doença não pelo isolamento, mas pelos hábitos de higiene e distanciamento adquiridos nesse período.
E o Brasil?
Aqui, a análise da Universidade Anhembi Morumbi vasculha entre 250 modelos matemáticos de distanciamento social, incluindo isolamento constante, intermitente ou reduzido periodicamente, em paralelo com hábitos coletivos de higiene e uso de máscaras.
O estudo concluiu que se 50% a 65% das pessoas são cautelosas em público, então minimizar as restrições a cada 80 dias ajudaria a prevenir os picos da doença nos próximos 2 anos. O biólogo Osmar Pinto Neto diz que "precisaremos mudar a cultura de como interagimos com outras pessoas", mas acredita que sejam boas notícias, considerando que são medidas alcançáveis mesmo sem a existência de uma vacina ou a abundância de testes.
Medidas de distanciamento social deveriam ser normas para ajudar na contenção da doença.Fonte: VisualHunt
No México, a situação é igualmente promissora. Profissionais da Universidad Nacional Autónoma de México, na capital do país, indicam que 70% dos cidadãos estão comprometidos com medidas pessoais de proteção, incluindo máscaras, higienização das mãos e isolamentos voluntários no fim de março, e o número de mortes semanais de covid-19 se estabilizou.
Então, o que esperar para 2021?
O futuro próximo é totalmente definido pela criação da vacina e pela duração dessa imunização. Partindo da premissa de que o método protegesse apenas por certos períodos, o epidemiologista Marc Lipsitch, da Universidade Harvard, apresentou como seriam as projeções com diferentes tipos de imunidade.
As possibilidades incluem surtos anuais no inverno, supondo vacinas que dure menos que 40 semanas; surtos a cada 2 anos com ações que durem 100 semanas; e até cenários em que outros agentes da família coronavírus antecipem a imunização para o vírus da covid-19.
Agora, pesquisadores precisam entender qual é o método mais eficiente para conter o vírus. Ainda se sabe muito pouco sobre a duração da imunização, que varia entre 40 dias, quando protegida por anticorpos, mas decai depois de semanas ou meses.
Outras formas de proteção, usando linfócitos B e T, podem ser mais poderosas contra a infecção, mas há pouca informação sobre sua atuação no contágio de Sars-CoV-2. Portanto, devemos torcer para que a ciência descubra o melhor meio para chegarmos perto do mundo antes da doença.
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