As explosões que abalaram Beirute na terça-feira (4) foram causadas pela detonação de 2.750 toneladas de nitrato de amônia que estavam armazenadas há 6 anos no porto da capital, segundo o primeiro-ministro do Líbano, Hasan Diab. Até o momento, o governo identificou 73 mortos e 3,7 mil pessoas feridas.
O nitrato de amônia é um sal branco amplamente utilizado em fertilizantes nitrogenados; porém, não é inflamável. Para sua detonação, é necessário que haja altas quantidades do composto, além de substâncias combustíveis ou fontes intensas de calor ao redor.
Nitrato de amônia em outras tragédias
Essa substância já foi protagonista de outros acidentes ao redor do mundo. O primeiro deles aconteceu em 1921, em uma usina em Oppau, na Alemanha. Na ocasião, 561 pessoas morreram.
Em 1995, uma bomba fabricada com 2 toneladas de fertilizante foi detonada em Oklahoma City, matando 168 pessoas e ferindo outras 700. Seis anos depois, cerca de 300 toneladas de nitrato de amônia explodiram na usina química AZF, em Toulouse, cidade francesa. A explosão, que pôde ser ouvida a 80 quilômetros de distância, causou a morte de 31 pessoas.
Em 2013, aconteceu outro acidente com essa substância; foi no Texas, na usina da West Fertilizer, matando 15 pessoas.
Segurança no armazenamento
Para evitar acidentes como o que ocorreu em Beirute, o armazenamento desse composto deve seguir normas rigorosas, segundo informa Guilherme Marson, professor doutor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) e da Sociedade Brasileira de Química (SBQ).
"Não se armazena [nitrato de amônia] em grande escala com segurança. É necessário dividir o produto em pequenas porções para conter um possível estrago. E, principalmente, produzir e transportar para onde será utilizado", explica o especialista.
O presidente do Líbano, Michel Aoun, afirmou que Beirute deve declarar estado de emergência devido à explosão e defendeu ser "inaceitável" que uma quantidade tão grande dessa substância fosse armazenada em um depósito.
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