Uma pesquisa realizada na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) indica que o vírus Sars-CoV-2, causador da covid-19, pode infectar células adiposas humanas e se manter em seu interior. Segundo os especialistas, isso explicaria por que indivíduos obesos correm mais risco de desenvolver a forma grave da doença.
A análise está em andamento no Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes, que tem nível 3 de biossegurança, um dos mais altos. Os resultados são preliminares e ainda não foram publicados.
Vírus prefere células adiposas
Nas comparações in vitro, os pesquisadores da Unicamp observaram que o Sars-CoV-2 infecta mais os adipócitos (responsáveis pelo armazenamento de gordura) do que, por exemplo, as células epiteliais do intestino ou do pulmão.
Os resultados também mostraram que a atuação do vírus é ainda mais intensa quando essas células estão desgastadas. Para chegar a essa conclusão, o grupo envelheceu as amostras com radiação violeta e mediu a carga viral 24 horas depois, constatando que ela foi três vezes maior do que nas células "jovens".
Drogas senolíticas como solução
Os pesquisadores acreditam que drogas senolíticas, capazes de matar células mais velhas, poderiam ser utilizadas nesses casos. "Nos experimentos com animais, esses compostos se mostraram capazes de prolongar o tempo de vida e reduzir o desenvolvimento de doenças crônicas associadas ao envelhecimento", explicou Marcelo Mori, um dos coordenadores do projeto e professor do Instituto de Biologia.
Para testar a teoria, o grupo decidiu usar as drogas em células epiteliais do intestino humano que foram submetidas à radiação UV. Alguns compostos chegaram a inibir em 95% a presença do vírus. Agora, os pesquisadores pretendem analisar adipócitos de pacientes com diagnóstico confirmado de covid-19 obtidos por meio de biópsia. "Um dos objetivos é avaliar se essas células encontram-se de fato infectadas pelo Sars-CoV-2 e se o vírus está se replicando em seu interior", afirmou Mori.
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