A covid-19 costumeiramente apresenta sintomas como febre, tosse seca e cansaço, mas dores pelo corpo, diarreia e perda de olfato e paladar também podem aparecer. Cientistas britânicos agora alertam para danos cerebrais, que estão sendo ignorados pelos médicos e afetam até mesmo pacientes que tiveram sintomas leves da nova doença.
Ao menos 40 britânicos desenvolveram de inflamação e delírio até danos mais permanentes e derrames. Alguns inclusive só descobriram estar com a covid-19 quando tiveram sintomas cerebrais mais graves. Uma doença chamada encefalomielite disseminada aguda (ADEM) costumava aparecer no máximo um vez por mês nos ambulatórios do Reino Unido antes da pandemia; em abril e maio, ela acometeu entre um e dois pacientes por semana e levou uma mulher de 59 anos de idade a óbito.
A Fundação NHS, responsável pelo estudo, acompanhou pacientes britânicos na primeira onda de contágio do novo coronavírus. Foram registradas 10 pessoas com delírios e psicose, 12 com inflamação no sistema nervoso central, 8 vítimas de derrame e 8 com problemas nos nervos periféricos. "O que vimos é que você pode ter uma neuropatia severa e pode estar bastante doente, mas na verdade tem uma doença pulmonar trivial", analisa Michael Zandi, responsável pela descoberta.
No longo prazo, as novas doenças preocupam a medicina, que tenta analisar os efeitos do coronavírus após a cura. Muitos pacientes ficam com sequelas, como falta de fôlego, fraqueza e perda de memória. Essas informações aumentam o alerta de que a doença ainda tem muitos mistérios.
Zandi reforça que médicos e neurologistas devem estar preparados para uma maior demanda de pacientes com sintomas neurológicos causados pelo Sars-CoV-2. Ele também explica que o aspecto psicológico pode afetar o cérebro durante a doença ou a recuperação, mas que o vírus pode danificar o órgão também em sua estrutura.
"É preocupante que alguma epidemia oculta possa ocorrer após a covid-19, na qual você verá efeitos retardatários no cérebro, porque podem aparecer nos próximos anos. Mas ainda é muito cedo para julgarmos", explica o especialista. Na pandemia da Gripe Espanhola, em 1918, um resultado semelhante foi notado em ao menos 1 milhão de pessoas com problemas neurológicos surgidos depois da crise.
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