O sistema imunológico humano não é capaz de criar resistência contra o Sars-CoV-2, vírus causador da covid-19, segundo um estudo divulgado pelo The New York Times. Apenas 3 meses após o contágio, os anticorpos do organismo já não reconhecem mais o vírus, sobretudo nos casos menos graves.
Normalmente, quando o corpo se recupera de alguma doença, o sistema registra o agente causador para que, no futuro, os anticorpos possam combatê-lo com maior facilidade. "Esses dados indicam os riscos do uso de 'passaportes de imunidade' da covid-19 e a necessidade de apoiar o prolongamento de intervenções em saúde pública, incluindo distanciamento social, higiene, isolamento de grupos de alto risco e testes em massa", escreveram os pesquisadores responsáveis por um estudo publicado na revista Nature Medicine nesta quinta-feira (18).
A lógica do passaporte de imunidade é simples: indivíduos que já foram infectados pelo Sars-CoV-2 e se recuperaram estariam livres para trabalhar e circular pelas ruas novamente. No entanto, essa estratégia se baseia na ideia precipitada de que, se você pegou a doença uma vez, está automaticamente imune.
Em uma entrevista para a Revista Saúde, o pesquisador Daniel Dourado, do Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário da Universidade de São Paulo (Cepedisa/USP), alerta que estudos identificaram que o corpo cria uma reação, mas não há evidências de que esta elimina o vírus em uma segunda tentativa de invasão.
Apesar de isso corroborar com a pesquisa publicada pela Nature Medicine, vale destacar que os pesquisadores analisaram apenas 74 pacientes, número consideravelmente baixo. Portanto, para que os resultados tenham maior significância estatística, será preciso fazer uma abordagem mais ampla.
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