Em janeiro, astrônomos do telescópio canadense CHIME descobriram um feixe de rajadas de energia que se mostrou uma fonte repetitiva, a Fast Radio Burst (FRB) 180916.J10158 + 56 é captada na Terra a cada 16,35 dias. Porém, a segunda FRB a apresentar periodicidade é, também, a mais importante no estudo desse fenômeno galáctico que intriga pesquisadores: a FRB 121102 emite rajadas de rádio durante 90 dias, para então silenciar 67 dias. Esse ciclo se repete a cada 157 dias.
Representação artística do caminho de uma FRB até a Terra.Fonte: ESO/M. Kornmesser
"A enorme diferença entre as duas FRBs significa que há uma ampla gama de periodicidade na repetição do comportamento desses feixes de energia. Essa regularidade restringe astronomicamente as fontes dessas explosões; por exemplo, seria difícil conciliá-la com uma estrela de nêutrons”, explicou Kaustubh Rajwade, astrofísico da Manchester University e líder do estudo agora publicado no Monthly Notices da Royal Astronomical Society. Outras fontes seriam uma estrela massiva ou mesmo um buraco negro.
O artigo é resultado de 4 anos de monitoramento a longo prazo do Lovell Telescope, operando no britânico Jodrell Bank Centre for Astrophysics. Foram descobertas 32 rajadas e, juntando as informações coletadas com os dados de observações anteriores, chegou-se ao padrão cíclico das emissões da FRB 121102.
O mais intrigante é o mais estudado
Quando a FRB 121102, localizada a 3 bilhões de anos-luz, lançou seus feixes de energia que estão sendo agora captados, a Terra era um planeta sem vida, provavelmente sem continentes e coberto de água. Desde que foi descoberta, em 2012, nenhuma outra FRB foi mais estudada.
O registro da primeira FRB captada na Terra, a Lorimer Burst.Fonte: Wikipedia Commons/Psr1909
A primeira FRB foi descoberta em 2007 através da análise de dados captados em 2001 pelo CSIRO Parkes Radio Telescope, na Austrália. Ela estava escondida entre anos de informações coletadas, em uma explosão de 5 milissegundos de duração, cuja fonte parecia ser a Pequena Nuvem de Magalhães, a quase 200 mil anos-luz. Ela foi chamada de FRB 010724 (ou Lorimer Burst, em homenagem ao astrofísico Duncan Lorimer, que a descobriu).
Atualmente, há registro de mais de uma centena desses flashes extragalácticos de luz, que liberam em milissegundos a mesma energia que o Sol emite em 1 século de atividade. A maioria brilha apenas uma vez e não mais se repete.
Busca por sinais de inteligência extraterrestre
Um dos projetos auxiliares na busca por FRBs é o Breakthrough Listen, que, desde janeiro de 2016, procura sinais de inteligência extraterrestres (a busca termina em 2026). Sua base é o Centro de Pesquisa SETI do Departamento de Astronomia da Universidade da Califórnia, Berkeley, nos EUA.
O programa examina as observações de ondas de rádio do CSIRO Parkes Radio Telescope e do Green Bank Observatory, além de dados obtidos via observações de luz visível do Automated Planet Finder (um telescópio automatizado do Lick Observatory).
São monitorados cerca de 1 milhão de estrelas próximas e os centros de 100 galáxias. O programa ainda revisa, via algoritmos de busca, dados compilados em décadas de observações astronômicas ao redor do mundo – principalmente registros de FRBs.
"Mais dados sobre mais FRBs serão necessários para termos uma imagem clara sobre essas fontes periódicas de energia e elucidarmos sua origem", diz Lorimer, que hoje é decano associado de pesquisa na West Virginia University. Ele e o físico Devansh Agarwal desenvolveram a técnica de análise de dados que levou à descoberta da periodicidade da FRB 121102.
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