A Ilha de Páscoa é famosa por suas estátuas gigantes, chamadas de moais, e pelo mistério envolvendo o desaparecimento de seu povo. A teoria mais aceita é a de que, por volta de 1600, a população entrou em guerra por conta da destruição ecológica da região, que acabou com qualquer forma de subsistência – o pessoal teria até praticado canibalismo em seus últimos dias. Porém, uma nova teoria questiona essa explicação para o colapso dessa sociedade.
Quando os europeus descobriram a ilha, em 1722, supostamente não havia nenhum habitante por lá. Um novo estudo, publicado no Journal of Archaeological Science, acredita que isso não é verdade. Como traços da cultura do povo Rapa Nui sobrevivem até hoje, isso poderia indicar que a população habitou o local por muito mais tempo do que se previa. Para Robert DiNapoli, doutorando em Arqueologia pela Universidade do Oregon, essas informações foram deixadas de lado assim que se abraçou a hipótese do colapso.
Outros estudos foram levados em consideração para dizer que os habitantes da Ilha de Páscoa sobreviveram por mais tempo. O enigma dos moais pode trazer alguns dados: as imensas esculturas chegam a mais de 90 toneladas (sendo um mistério como o povo as levou para pontos extremos da ilha).
Colapso do povo Rapa Nui permanece um mistério até hoje.Fonte: Pixabay
Em 2012, Carl Lipo, da Universidade Binghamton, e Terry Hunt, da Universidade do Arizona, mostraram que o transporte dessas gigantes estátuas poderia ser feito por apenas 18 pessoas usando um movimento de balanço. Já os chapéus, de até 13 toneladas, poderiam ser colocados com auxílio cordas e rampas. Junto a esses estudos, também foi feita uma nova cronologia da história da ilha.
Acredita-se que o povo Rapa Nui chegou ao local no final do século XII ou começo do XIII. Porém, Lipo acredita que essa é apenas uma suposição difícil de ser determinada, mesmo através da datação feita por carbono-14. A equipe do pesquisador tentou, por radiocarbono, determinar o período da construção dos moais e do suposto colapso, chegando à conclusão de que os habitantes de lá só sucumbiram após a chegada dos europeus.
Outros estudiosos são mais céticos a essa possibilidade. Para Jo Anne Van Tilburg, arqueóloga da Universidade da Califórnia, ainda acha a hipótese do colapso como a mais provável. Segundo ela, foram vários fatores socioambientais que levaram à derrocada do povo Rapa Nui, e não apenas um fenômeno cataclísmico. Caso os europeus tenham de fato tido contato com o povo da ilha, isso foi apenas a gota-d'água para o fim da população que já estava em forte declínio.
Após a pandemia, quando puder retornar ao trabalho, Carl Lipo pretende ir à Ilha de Páscoa para testar novas hipóteses. Ele e sua equipe trabalham com radiocarbono, mas apenas de peças comprovadamente feitas pela ação humana, o que reduz drasticamente o número de amostra e gera críticas da comunidade científica.
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